A perda do excesso de gordura tem sido um objetivo da população, pelo menos desde os anos 1970, quando o Dr. Robert Atkins lançou seu livro A Dieta Revolucionária do Dr. Atkins. O livro prometia a perda de gordura ingerindo mais gorduras e proteínas, e retirando os carboidratos. Essas e outras dietas semelhantes, que vieram na sequência, não têm se mostrado eficientes para a maioria das pessoas. Em paralelo, a indústria farmacêutica tem se esforçado para disponibilizar o tão sonhado medicamento para curar a obesidade.
MEDICAMENTOS
A farmacologia da obesidade tem história de várias décadas e os agentes principais, antes destes de última geração, foram os estimulantes anfetamínicos que aceleravam o metabolismo e provocavam anorexia (falta de fome). Em seguida vieram os inibidores da receptação de neurotransmissores, que atuavam principalmente na serotonina e causavam anorexia. Em razão dos efeitos colaterais e abuso do uso, foram proibidos. Há ainda os bloqueadores da lipase intestinal que diminuem a digestão e absorção da gordura.
INCRETINAS
Os novos medicamentos que têm efeitos semelhantes às incretinas (hormônios intestinais: ) são liraglutida (Victoza, Saxenda), semaglutida (Ozempic, Wegovy), tirzepatida (Mounjaro, Zepbound) e retatrutida. Os estudos têm mostrado que provocam diminuição da fome e aumento da termogênese, levando à redução de 15-25% do peso corporal (18 meses), além de melhorar parâmetros de saúde, o que é bastante significativo. No entanto, o acompanhamento deve ser criterioso, pois também podem causar perda rápida e significativa (média de 10%) de massa muscular.
DIETAS
A dieta é parte importante da terapia para obesidade, mesmo com uso dos novos medicamentos. As quantidades e proporções dos nutrientes devem ser bem estabelecidas pela profissional nutricionista para que o processo seja o mais eficiente e saudável possível.
MÚSCULOS SÃO ESSENCIAIS
Entre os princípios das dietas para perda de gordura devem ser considerados: (a) não provocar estado de desnutrição, (b) não reduzir a massa muscular, (c) não causar mal-estar, alterações do humor e fraqueza. As dietas muito restritivas (ex. menos de 8000 Kcal/dia ou que cortam carboidratos) provocam perda muscular, pois são ativados mecanismos metabólicos de segurança (para preservar a vida), incluindo o catabolismo muscular. É um “tiro no pé”, pois os músculos são os mais metabolicamente ativos (gastam mais calorias) e produzem miocinas que nos protegem contra o próprio excesso de gordura.
IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO
Em geral, pessoas que optam por dietas restritivas, acompanhadas ou não pelos novos medicamentos, não são fisicamente ativas. O padrão da perda de peso é a redução da gordura, dos músculos e flacidez. Os efeitos colaterais dos medicamentos podem ou não se manifestar. Os efeitos benéficos da perda de peso (ex. normalização da glicemia e lipidemia – colesterol e triglicérides) são muito bem vindos. Porém, a redução dos músculos e falta de exercício físico têm consequências em médio e longo prazo, principalmente se a pessoa já estiver (ou quando entrar) na senescência (60+). Não despreze os músculos, o volume, o tônus e a funcionalidade.
Dietas restritivas, acompanhadas ou não pelos novos medicamentos, provocam padrão da perda de peso com redução da gordura, dos músculos e flacidez.
Referência
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