Pais recorrem a tratamento em busca de um filho

PRUDENTE - André Esteves

Data 14/08/2016
Horário 17:29
 

Quando a natureza impõe um entrave no sonho da paternidade, muitos casais reencontram a esperança em métodos alternativos e nos avanços da medicina. É o caso do contador Cesar Cremonezi, 33 anos, e da professora Juliana Delfim Cremonezi, 33 anos, que viram na reprodução assistida a oportunidade de não desistir. Ambos possuem doenças que causam infertilidade: Cesar desenvolveu a varicocele (aumento das veias nos testículos), enquanto Juliana possui síndrome dos ovários policísticos (dilatação dos ovários e formação de pequenos cistos na parede externa). Quando tratamentos indutores em Presidente Prudente se mostraram inúteis, o casal decidiu procurar ajuda médica em Londrina (PR), mas um acidente de percurso voltou a interromper seus planos. "Quando o tratamento parecia estar dando certo, a mãe da minha esposa morreu", conta Cesar. Passada a tragédia, os dois reiniciaram as tentativas em uma clínica de reprodução assistida em Prudente, onde lhes foi apresentado outro método. "O médico orientou que, para o nosso caso, a fertilização in vitro seria a técnica mais garantida", aponta o contador.

Jornal O Imparcial Fabio e Danila Silva, com endometriose, passaram por tratamento e hoje tem Manuela

Cesar explica que sua esposa passou por um tratamento de seis meses com medicações que induzem a ovulação. "Em seguida, fiz a coleta do sêmen e o especialista selecionou nove óvulos maduros da minha esposa, sendo que o esperma foi aplicado nos dois mais fortes", afirma. Desses dois, um vingou e o casal ficou finalmente "grávido" de seu primeiro filho, o Enrico, de 5 meses. O pai ressalta que os sete óvulos restantes foram congelados, visto que ele e Juliana pretendem ter mais filhos. Todo o procedimento foi dispendioso, mas Cesar não se arrepende de nada. "Eu parei de contar quando os gastos chegaram a R$ 25 mil", calcula. "Para manter os óvulos congelados, o custo é de R$ 370 por trimestre", aponta.

O contador diz que, após quatro anos tentando, a experiência de se tornar pai foi "indescritível". "Na verdade, é a melhor do mundo. Meu filho está com cinco meses e não tem sensação melhor do que ver a sua risada e ouvir a sua voz", enfatiza.

 

"Milagre"


O assistente financeiro Fabio Roberto Silva, 34 anos, e a auxiliar administrativa Danila Vieira Silva, 33 anos, não recorreram ao método de fertilização in vitro, mas precisaram passar por um longo tratamento antes de receberem a notícia de que seriam pais. Fabio expõe que, ao se casarem, ele e a esposa decidiram aproveitar um tempo a sós e pensar na gravidez mais tarde, visto que, para eles, seria um processo rápido. Após seis anos de casamento, o desejo da paternidade veio, mas a concretização não foi tão simples quanto imaginavam. "Depois de muito tentarmos, minha esposa resolveu fazer uma videolaparoscopia (identifica doenças na região abdominal), onde foi diagnosticada a endometriose (quando o endométrio está fora da cavidade uterina). Eu já tinha feito alguns exames antes e tomei vitaminas, mas infelizmente o problema era com ela", relata.

Para tratar a doença, Danila precisou tomar injeções durante seis meses antes de retomar a esperança. "Cada aplicação saía em torno de R$ 1,2 mil por mês. Graças a Deus, conseguimos as injeções de forma gratuita pelo AME (Ambulatório Médico de Especialidades)", conta o marido. "Foi um processo muito dolorido, pois as injeções eram aplicadas no pé da barriga da minha esposa, mas quando terminou, pensamos: ‘agora vai!’. O que estava atrapalhando aparentava ter sido solucionado, porém, novamente não conseguimos", descreve.

Quase rendidos ao desânimo, o casal procurou um grupo de oração, onde expuseram sua história e iniciaram um tratamento espiritual. "Naquele momento, meu relacionamento com a Danila já estava robótico. Não aproveitávamos mais nossa vida a dois, pois todas as nossas relações eram ditadas por um controle de ovulação. Foi então que amigos que sabiam da nossa história passaram a fazer orações e nos revelaram que o momento estava próximo. Um ano depois, minha esposa fez uma surpresa para mim e apareceu no meu local de trabalho com o exame e um sapatinho de bebê. Depois de três anos tentando, recebi a notícia de que ela estava grávida", narra. O assistente financeiro considera a ocasião um verdadeiro milagre. "Deus nunca tarda", frisa.

Fabio fala da filha de três anos, Manuela, com muito carinho e gratidão. "Me tornar pai foi um presente. Ela é a minha companheira e tenho a oportunidade de passar para ela tudo o que Deus já fez e faz por mim. É maravilhoso acordar de manhã e vê-la. Sou capaz de dar a minha vida por ela", enfatiza.

 
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