Palhaços Perna de Pau

Sandro Villar

O Espadachim, um cronista a favor da banana e contra as repúblicas bananeiras

CRÔNICA - Sandro Villar

Data 25/08/2020
Horário 05:35

Na tarde friorenta e modorrenta do sábado eles chegaram de mansinho e estacionaram a Van que ocupavam na contramão em uma rua perto da Avenida Ana Jacinta. Deixa pra lá a infração de trânsito e vamos em frente com a historinha.
Desceram do veículo e começaram a fuzarca, quebrando o silêncio. Eram três palhaços de um circo mambembe. Estavam com a cara pintada, como convém aos palhaços, incluindo os que pagam impostos. Mas faltava o acessório principal: a perna de pau.
No caso em questão, a perna era de metal, enfim, se assim posso dizer, era uma prótese com borracha na ponta, senão o palhaço escorrega e leva o maior tombo, igual ao PIB brasileiro. A Van estava equipada com um serviço de som, que tocava uma música com jeitão de valsa, se é que escutei direito e esquerdo.
Quem estava à toa dentro de casa saiu à rua para ver o que estava acontecendo. Com celulares para gravar e tirar retratinhos, crianças, jovens e idosos, como este que vos fala, se alegraram com as palhaçadas dos palhaços e sei que isso tem um quê de redundância, mas, a esta altura do certame, quem vai prestar atenção neste tipo de detalhe, não é mesmo?
Sentado na calçada, um palhaço colocava a perna de pau, no caso, a perna de metal. Foi aí que uma professora se aproximou e ele aproveitou para "reclamar" do frio de fazer esquimó bater o queixo. "A senhora deixou a geladeira aberta. Aumentou o frio", disse, brincando, o artista.
Logo depois ele se levantou com a sua perna "esticada" e se juntou aos outros dois palhaços.
Um palhaço andava "pra e pra cá" no meio da rua quando surgiu um automóvel. O motorista parou, pois, como é obvio, não dava para prosseguir o seu trajeto. Com um senso de humor à la Groucho Marx, o palhaço abriu as pernas, no bom sentido, e sugeriu ao motorista: "Passa entre as pernas".
O motorista levou na esportiva e, depois que o palhaço "liberou o trânsito", ele foi embora. Se o palhaço fosse o Homem Borracha, a passagem do carro entre as pernas seria moleza até porque ninguém estica melhor do que citado super-herói. 
Os três palhaços, mais altos do que os bonecos de Olinda e o desemprego, alegraram sobremaneira a pequena plateia. Nada mal para um sábado pra lá de frio, uma temperatura para "esfriar" até o motoqueiro fantasma. Acompanhado pela Van, o trio saiu andando pela rua e desapareceu na paisagem. Depois, tudo voltou ao novo normal, cada um encolhido em casa dentro do seu quadrado ou, talvez, em seu retângulo.
  
DROPS

Flordelis não é flor que se cheire.

Neve tem. Falta justiça social.

Filme da Semana no Cine Brasil: "O Troglodita", com grande elenco sem talento, a não ser para fazer o mal.

E o padre Robson, hein? Mais um abacaxi pro papa Francisco descascar.
 

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