Para Eduardo Negrão, país é misto de sedução e violência

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 24/11/2015
Horário 07:34
 

Eduardo Negrão comenta que até na arte é retratado bem o sentimento dos mexicanos em relação ao seu próprio país. Segundo ele, lá existe um grupo que canta um estilo de música denominado "narcocorrido", tipo um sertanejo brega, em que coloca em suas letras os traficantes como heróis, que moram em mansões, elegem prefeitos, comandam as fronteiras (boa parte dividida prelo Rio Grande).

"Nas apresentações, eles se apresentam vestidos com coletes à prova de balas, impunham armas, usam máscaras... Ou seja, recriam o clima da fronteira com os Estados Unidos em constante guerra e mostram o movimento do narcotráfico , que dá um poderio muito grande para os traficantes. Durante a crise de 2008 na Europa, muitos bancos europeus disputavam esse dinheiro de corrupção, do crime organizado", ressalta.

Eduardo lembra que a frase atribuída ao ditador Porfírio Dias resume ainda mais esse sentimento: "Pobre México. Tão longe de Deus, tão perto dos Estados Unidos". E em seu primeiro livro, intitulado "México, pecado ao sul do Rio Grande", o jornalista tenta traduzir essa versão hispânica do "complexo de vira-latas", a definição de Nelson Rodrigues para o sentimento que acompanhava os brasileiros desde a proclamação da República até a virada do século 21.

Segundo ele, o México seria uma espécie de Paraguai norte-americano por receber dos americanos o mesmo olhar preconceituoso que os brasileiros dirigem aos seus vizinhos. "Assim como os paraguaios se ressentem da Guerra do Paraguai os mexicanos ainda não superaram as perdas territoriais para a superpotência. Principalmente a México-Americana quando perdeu quase metade do seu território para os EUA, incluindo a Califórnia e o Texas com petróleo abundante", recorda.

 

 
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