Páscoa é para todos

OPINIÃO - Durval Bertho Neto

Data 12/04/2022
Horário 05:00

“Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse: Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos (...)” Mateus 28.5-7

A cultura judaica do primeiro século tinha suas peculiaridades. Dentre elas, a questão da validade do testemunho em juízo. O testemunho da criança e da mulher não era considerado válido sem a confirmação de um judeu homem adulto. Assim, caso a única testemunha de um crime fosse criança ou mulher, seria impossível usar tais testemunhos como prova.
Ações factíveis, naturalmente possíveis, bem como acontecimentos comuns, porém marcantes, também precisavam da chancela de um judeu adulto para serem confirmados, com o prejuízo da mulher e da criança serem consideradas mentirosas, pelo ardil do que tentasse se imiscuir da responsabilidade ou que das circunstâncias pretendesse alçar vantagem.
Se num tribunal humano ou fato marcante tinha-se esse vexatório traço cultural, imagine ao se falar de fatos naturalmente impossíveis e sobrenaturais? Pois Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, no dia da festa da Páscoa, e as primeiras testemunhas dessa maravilha foram mulheres.
Ainda que alheio à mente ocidental num primeiro momento, esse detalhe do evangelho certamente saltaria aos olhos do leitor médio-oriental, principalmente do judeu, público-alvo do Evangelho de Mateus em primeira instância.
Aquelas irmãs não seriam acreditadas no que tangesse à cultura de sua sociedade. Ainda assim, em nome de Deus, o anjo lhes ordena: Ide, pois, depressa e dizei que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos.
Ainda hoje há fatores sociais, culturais e pressões que pretendem impedir aqueles que viram o Cristo redivivo, com os olhos do coração, de testemunharem a Páscoa da qual participaram.
Aquele que já passou da morte para a vida tem o dever, que também é grande privilégio, de anunciar o que dentro da alma acontece quando se vê o Cristo vivo, com os olhos do coração, mais uma vez. E desta sagrada incumbência ninguém fica de fora. As mulheres, simbolicamente, representam ali todos os que por qualquer razão, por mais esdrúxula que seja, tiveram em algum momento da história sua dignidade diminuída.
A Páscoa é a festa dos livres, nisso não há acepção de pessoas. Pois Jesus Cristo morreu e ressuscitou por todos, sem exceção. A Páscoa inclui, chama à celebração, convida a passar da escravidão da morte para liberdade da vida, e ninguém é digno de tal dom, por isso se chama “graça” a obra que nos liberta. Do mesmo modo, não se pode, em hipótese alguma, considerar indigno aquele que a graça dignificou.
Portanto, que se ouça a mensagem angelical, por comissão sagrada, em todo canto e lugar. Caiam as barreiras colocadas pelo mundo entre o Filho de Deus, que vive para sempre e é bendito, e os que necessitam ouvir a eterna proclamação pascal.
Não importa qual seja a incompreensível tentativa limitadora, interior ou exterior, ainda hoje, ide depressa! Dizei, falai, proclamai, anunciai, bradai, aos gritos, com força, vigor e coragem: sim, cristo vive! Já ressuscitou!
 

Publicidade

Veja também