A Polícia Civil investiga a origem e destino de aparelhos celulares apreendidos em um imóvel em Martinópolis, palco de um confronto entre criminosos e a Força Tática, grupo de elite da Polícia Militar, na madrugada de ontem. A ação resultou na morte de dois investigados. Acredita-se que os supostos integrantes da facção criminosa paulista estivessem na região a fim de distribuir eletrônicos para dentro das penitenciárias, o que está sendo analisado.
Na residência, no Parque das Grevilhas, foram localizados 12 aparelhos celulares, sendo dois “micro”, e um drone com duas baterias, além de duas armas calibre 38 que estavam com os alvejados. De acordo com a Polícia Militar, antes das apreensões recebeu a informação que pessoas ligadas a uma facção criminosa estariam em Martinópolis para praticar “algum ato relacionado a presídio”. Após colher possíveis endereços em que os acusados estariam, reuniu equipes em locais estratégicos e foram verificar.
No decorrer da ação, entraram num quintal e perceberam a movimentação. Quando abriram a porta, depararam-se com uma pessoa que acabou sendo detida. Tratava-se de um rapaz de 22 anos, morador do imóvel. Naquele momento, os policiais foram vítimas de disparo de arma de fogo. Diante disso, segundo a PM, a equipe se defendeu e alvejou um dos indivíduos. Outra pessoa apontou a arma contra a equipe que pediu para que largasse o armamento, no entanto não foram obedecidos.
Para impedir uma “agressão iminente” efetuaram um disparo. Foi acionado o resgate que socorreu os indivíduos a Santa Casa de Martinópolis, porém não resistiram aos ferimentos.
LINHA DE
INVESTIGAÇÃO
De acordo com o delegado Airton Roberto Guelfi, os criminosos, de 24 e 28 anos, eram moradores de São Paulo e possuem ficha criminal. “Em cima de algumas informações que tiramos da apresentação da ocorrência pela PM, há possiblidade de ter outras pessoas envolvidas no caso”, afirma.
O rapaz detido negou o envolvimento com a dupla, mas a versão foi considerada suspeita. “Disse que encontrou os dois na rua e que pediram para dormir na casa dele. Teria aceitado por solidariedade”, relata.
Todos os aparelhos celulares estavam aparentemente novos, dentro de caixas. Eles foram apreendidos e serão periciados. Conforme Guelfi, acredita-se que os eletrônicos apreendidos no imóvel seriam entregues por drone à Penitenciária Tacyan Menezes de Lucena, em Martinópolis, e a outras da região, assim como o plano descoberto na operação Voo de Ícaro, no ano passado.
“O modus operandi seria o mesmo”, ressalta.
COMUNICAÇÃO
ENTRE FACÇÃO
Na época, as investigações apuraram o ingresso de aparelhos celulares em unidades prisionais com a utilização de drones, que facilitavam a comunicação da liderança de uma facção que atua dentro dos presídios, auxiliando nas ações do grupo.
Os drones eram monitorados externamente, a partir de “acesso remoto”, com a ajuda de presos que direcionavam o controlador para a liberação de materiais, arremessados no pátio durante o banho de sol, com hora marcada. Em alguns casos, o drone era direcionado até próximo do solo, onde um preso liberava a carga, o que levou, algumas vezes, ao abate do aparelho por agentes de muralha.
Cada drone utilizado está avaliado em 16 mil reais e chegava a transportar até 1 kg de materiais (droga, chips, celulares, cartas etc) por sobrevoo.