PC acredita que celulares apreendidos em confronto seriam entregues em penitenciárias

Aparelhos eletrônicos e drone estavam em um imóvel, palco da troca de tiros entre policiais e criminosos em Martinópolis

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 15/04/2020
Horário 10:14
Polícia Militar - Aparelhos e armas apreendidas passarão por perícia
Polícia Militar - Aparelhos e armas apreendidas passarão por perícia

A Polícia Civil investiga a origem e destino de aparelhos celulares apreendidos em um imóvel em Martinópolis, palco de um confronto entre criminosos e a Força Tática, grupo de elite da Polícia Militar, na madrugada de ontem. A ação resultou na morte de dois investigados. Acredita-se que os supostos integrantes da facção criminosa paulista estivessem na região a fim de distribuir eletrônicos para dentro das penitenciárias, o que está sendo analisado.

Na residência, no Parque das Grevilhas, foram localizados 12 aparelhos celulares, sendo dois “micro”, e um drone com duas baterias, além de duas armas calibre 38 que estavam com os alvejados. De acordo com a Polícia Militar, antes das apreensões recebeu a informação que pessoas ligadas a uma facção criminosa estariam em Martinópolis para praticar “algum ato relacionado a presídio”. Após colher possíveis endereços em que os acusados estariam, reuniu equipes em locais estratégicos e foram verificar.

No decorrer da ação, entraram num quintal e perceberam a movimentação. Quando abriram a porta, depararam-se com uma pessoa que acabou sendo detida. Tratava-se de um rapaz de 22 anos, morador do imóvel. Naquele momento, os policiais foram vítimas de disparo de arma de fogo. Diante disso, segundo a PM, a equipe se defendeu e alvejou um dos indivíduos. Outra pessoa apontou a arma contra a equipe que pediu para que largasse o armamento, no entanto não foram obedecidos.

Para impedir uma “agressão iminente” efetuaram um disparo. Foi acionado o resgate que socorreu os indivíduos a Santa Casa de Martinópolis, porém não resistiram aos ferimentos.

LINHA DE

INVESTIGAÇÃO

De acordo com o delegado Airton Roberto Guelfi, os criminosos, de 24 e 28 anos, eram moradores de São Paulo e possuem ficha criminal. “Em cima de algumas informações que tiramos da apresentação da ocorrência pela PM, há possiblidade de ter outras pessoas envolvidas no caso”, afirma.

O rapaz detido negou o envolvimento com a dupla, mas a versão foi considerada suspeita. “Disse que encontrou os dois na rua e que pediram para dormir na casa dele. Teria aceitado por solidariedade”, relata.

Todos os aparelhos celulares estavam aparentemente novos, dentro de caixas. Eles foram apreendidos e serão periciados. Conforme Guelfi, acredita-se que os eletrônicos apreendidos no imóvel seriam entregues por drone à Penitenciária Tacyan Menezes de Lucena, em Martinópolis, e a outras da região, assim como o plano descoberto na operação Voo de Ícaro, no ano passado.

“O modus operandi seria o mesmo”, ressalta.

COMUNICAÇÃO

ENTRE FACÇÃO

Na época, as investigações apuraram o ingresso de aparelhos celulares em unidades prisionais com a utilização de drones, que facilitavam a comunicação da liderança de uma facção que atua dentro dos presídios, auxiliando nas ações do grupo.

Os drones eram monitorados externamente, a partir de “acesso remoto”, com a ajuda de presos que direcionavam o controlador para a liberação de materiais, arremessados no pátio durante o banho de sol, com hora marcada. Em alguns casos, o drone era direcionado até próximo do solo, onde um preso liberava a carga, o que levou, algumas vezes, ao abate do aparelho por agentes de muralha.

Cada drone utilizado está avaliado em 16 mil reais e chegava a transportar até 1 kg de materiais (droga, chips, celulares, cartas etc) por sobrevoo.

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