Ao iniciar o curso de Pedagogia Social na UNQ (Universidad Nacional de Quilmes), percebi como essa disciplina dialoga diretamente com as práticas que desenvolvemos no Brasil por meio do Ponto de Cultura Projeta.Cine, do qual sou coordenador em Presidente Prudente.
A Pedagogia Social é a ciência que estuda as práticas educativas que acontecem dentro e fora da escola, em espaços culturais, comunitários e sociais. Seu objetivo é analisar criticamente essas práticas, compreender como se inserem nas políticas públicas e propor novos modelos que promovam cidadania e justiça social. Como lembra Moyano, “la Pedagogía Social constituye el marco teórico de análisis, crítica y fundamentación de las prácticas socioeducativas, mientras que la Educación Social es el campo profesional y práctico donde esas ideas se materializan” (Moyano, 2000, p. 27).
Durante a aula, a professora Ana Laura García destacou que a Pedagogia Social não pode ser confundida apenas com metodologias e didáticas de ensino. Ela nos convidou a refletir que se trata de uma prática social e política que se ocupa de como educar em contextos de desigualdade, reconhecendo crianças e jovens como sujeitos de direitos. Essa perspectiva amplia o olhar sobre a educação e, não restrita à escola, mas presente em cada ação cultural, comunitária ou socioambiental que busca transformar a realidade e fortalecer a dignidade das pessoas.
Esse olhar me ajudou a enxergar de outra forma o projeto que estamos realizando neste semestre: “Cultura, Educação e Clima nas Escolas”, desenvolvido pelo Projeta.Cine em parceria com a Seduc (Secretaria Municipal de Educação). A iniciativa, que acontece até dezembro na Escola Municipal Profª. Dra. Gilza Maria Zauhy Garms, leva oficinas, teatro e cinema para estudantes do Ensino Fundamental II, conectando arte, educação e sustentabilidade.
Já na abertura, uma oficina de teatro que pretende abordar temas como racismo ambiental, pertencimento, mudanças climáticas, identidade e ancestralidade. Até o final do ano, os alunos participarão de uma Escolinha de Bateria com apoio da Furiosa (FCT-Unesp), sessões do Cinema para Todos, experiências em realidade virtual e, ao final, um Seminário Jovem – Cultura e Clima, com apresentações artísticas e debates.
Quando pensamos nesse trabalho à luz da Pedagogia Social, vemos que não se trata apenas de atividades culturais. É um processo educativo que fortalece o protagonismo juvenil, amplia a consciência crítica e articula direitos culturais e socioambientais.
No contexto de Presidente Prudente e região, iniciativas assim mostram que educar é muito mais do que ensinar conteúdos escolares: é criar condições para que jovens se reconheçam como sujeitos de direitos, capazes de transformar sua realidade e enfrentar os desafios da crise climática, por exemplo.
A educação é sempre um ato social e político. E, nesse sentido, a cultura pode ser um caminho privilegiado para formar cidadania e reinventar o futuro.
Referências sugeridas
MOYANO, Pedro. Pedagogía Social y Educación Social. Granada: Universidad de Granada, 2000.
