Petrobras

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 04/11/2021
Horário 05:00

No momento em que os preços dos combustíveis atingem níveis exorbitantes, encarecendo toda a cadeia de produção e consumo do país, a Petrobras anuncia não só dois aumentos na mesma semana, como também divulga que os lucros da estatal atingiram R$ 31,6 bilhões no último trimestre. E mais, para escárnio da sociedade que assiste atônita a essas elevações nos preços, a companhia anuncia que vai distribuir os R$ 31,6 bilhões em dividendos aos seus acionistas. 
Parece piada, mas não é. É a política de preços da companhia, que passou a vigorar no país desde o golpe de 2016, que na prática fez a gasolina sair do patamar de R$ 2,80 no governo Dilma, para os atuais R$ 6,60 na média nacional, na cotação dessa semana. Por trás disso, estão vários fatores, entre eles, a internacionalização da produção e dos preços, com a privatização da prospecção de petróleo do Pré-sal, hoje compartilhada pela Petrobras com petrolíferas estrangeiras. 
E mais, a privatização da BR distribuidora, antes monopólio estatal e que hoje encarece a distribuição dos combustíveis na ótica privatista do lucro. E ainda, é preciso considerar a própria diminuição da produção nacional de petróleo, algo que seria inexplicável no país do Pré-sal, mas que no país da piada pronta se explica pelo favorecimento aos importadores de combustíveis, que tinham em Temer um interlocutor privilegiado, pois foi em seu governo que a produção diminuiu e a importação aumentou. 
Certamente que, essa política, gerida e conduzida pelo presidente da estatal e seu conselho, indicados pelo presidente da República, se completa com o atrelamento dos preços praticados no país àqueles praticados no mercado internacional. Faria sentido se não fossemos o país do Pré-sal, o país que possui a única companhia de petróleo do mundo capaz de prospectar petróleo em grandes profundidades. Não, a culpa é do ICMS cobrado pelos Estados. Será? 
Criada no segundo governo de Getúlio Vargas, a Petrobras sempre teve por objetivo garantir ao Brasil autossuficiência e soberania energética. E foi assim, aos trancos e barrancos, até o golpe de 2016. Desde então, ao invés de servir ao país e aos brasileiros, a companhia serve aos interesses dos acionistas, dos importadores de combustíveis e das petrolíferas estrangeiras. A privatização da companhia, aventada como solução do problema, é o golpe final dessa política, que todos sentiremos no bolso e na alma nacional. 
 

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