Nos perfis de O Imparcial nas redes sociais, moradores do entorno da área na Vila Furquim, que exala gases tóxicos decorrentes de um incêndio em um depósito clandestino de entulhos, têm reclamado sobre o atual cenário no bairro, que persiste desde o dia 12, com forte cheiro e fumaça por todo o dia. O pneumologista Paulo Roberto Mazzaro chama atenção para os grupos mais vulneráveis, dá orientações e alerta: para impedir a comunidade local de ser afligida por problemas respiratórios, a emissão deve ser contida imediatamente.
“Essa fumaça, ela é prejudicial à saúde, e pode precipitar inflamações de via respiratória, facilitar o surgimento de infecções da parte de garganta, de traqueia, de brônquio. Então, é um fator que irrita todo o aparelho respiratório, por ele estar mais exposto a fatores externos”, frisa o médico.
Paulo Roberto indica que, uma alternativa aos moradores do bairro, seria o afastamento da área, como buscar estadia em locais mais distantes do bairro, como residências de parentes, o que reconhece não ser uma decisão fácil para os atingidos. Portanto, como medidas mais acessíveis e práticas, recomenda o uso de máscaras e vedação de parte dos imóveis considerando o sentido pelo qual a fumaça está sendo espalhada pelo vento, já que somente abrir as janelas para ventilar as casas pode contribuir para a entrada dos gases, ao invés de impedi-la.
Grupos mais vulneráveis
A adoção do ensino remoto pela escola do Sesi (Serviço Social da Indústria), localizada em área vizinha ao imóvel atingido pelo incêndio, com a suspensão das aulas e atividades presenciais na unidade, desde quarta-feira, foi medida acertada, conforme avalia o pneumologista. Isso porque, as crianças, bem como os idosos, frequentes na instituição, fazem parte da população que pode sofrer com mais intensidade os danos provocados pela inalação de fumaça.
“Se você fizer uma atividade física perto de uma fumaça, você vai inalar muito mais. Então, isso deve ser realmente interrompido, não ter atividade física próxima dessa região, porque senão você vai inalar mais fumaça do que uma pessoa respirando normal”, detalha o médico.
Ele ainda explica que as crianças são mais vulneráveis por terem um sistema imunitário ainda em formação, ou seja, incompleto e que não funciona 100%. “E, na pessoa idosa, pela idade, o sistema se torna mais frágil e as defesas são menores. Então, é um risco grande para a pessoa idosa e para as crianças, e, pior ainda para quem já tem um problema, como alergia, quem é asmático, tem bronquite crônica, um enfisema de pulmão. E não são poucas pessoas, não. Muitas pessoas têm esses tipos de patologias. Então, o dano pode ser realmente muito significativo”, enfatiza Paulo Roberto.
Quando procurar ajuda
O pneumologista afirma que a falta de ar é um dos principais sintomas de alerta para casos de intoxicação por fumaça, assim como a tosse persistente, aumento da expectoração e o cansaço por qualquer tipo de força ou até por caminhar. “Esses são sinais de que você deve, se possível, sair desse ambiente, ir para a casa de um parente ou coisa parecida, e passar por uma unidade de saúde para ver se está acontecendo alguma anormalidade em termos de patologia, de doença”, recomenda o especialista.

Foto: Reprodução/Sesi
Adoção do ensino remoto pela escola do Sesi, desde quarta-feira, foi medida acertada, diz médico