Poder de compra do prudentino cai R$ 37 mi

Segundo IPCMaps, em 2013, a população de PP desembolsou a cifra de R$ 4,247 bi, já neste ano, a previsão é que gaste R$ 4,210 bi

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 07/05/2014
Horário 07:36
 

Seguindo a tendência nacional da desaceleração econômica, os 220.584 habitantes de Presidente Prudente deverão deixar de movimentar mais de R$ 37 milhões em 2014, na aquisição de bens e serviços. Em 2013, os prudentinos desembolsaram a cifra de R$ 4,247 bilhões, enquanto que neste ano, a previsão do relatório anual do IPCMaps, que é realizado pela empresa IPCMarketing, é que a população da maior cidade da região gaste quase R$ 4,210 bilhões. Números que fazem com que a capital da Alta Sorocabana caia da 32ª para 38ª posição estadual, e da 99ª para 112ª no ranking nacional de consumo.

Jornal O Imparcial Gastos per capita dos moradores da zona urbana caíram para R$ 19.238 por ano, em 2014

Os gastos per capita dos moradores da zona urbana caíram de R$ 20.198 por ano, em 2013, para R$ 19.238 neste ano, o que representa uma queda de 4,7%. Da mesma maneira, o consumo dos habitantes de áreas rurais caiu de R$ 11.192 para R$ 10.711, equivalente à retração de quase 4,3%. Atualizado anualmente, o IPCMaps traça um detalhamento do potencial de consumo em 22 categorias de produtos nos 5.570 municípios do Brasil. Os dados da pesquisa são baseados nos contornos da evolução entre as classes alta (A), média (B), e emergente (C), reduzindo a de baixa renda (D/E).

Equivalente a 98,2% da população total de Prudente, com 216.591 pessoas, a área urbana deverá movimentar o montante de quase R$ 4,170 bilhões, impulsionada principalmente pela classe média, responsável por pouco mais de R$ 2 bilhões desta quantia, ou 48,6%. O cenário na capital regional não foge à regra do país, onde o consumo também é puxado pela classe B, com R$ 1,55 trilhão dos R$ 3,262 trilhões, ou 50,8%.

Um degrau abaixo, a classe emergente deverá ter a participação em 25,6% dos gastos na cidade, com quase R$ 1,1 bilhão. Mesma média das classes alta, D e E, que devem gastar R$ 996,3 milhões e R$ 79,3 milhões, respectivamente, ou 25,8% juntas. Em contrapartida, a zona rural deverá ser responsável por quase R$ 42,8 milhões do consumo total do município. Atualmente, essa fatia soma 3.993 habitantes, ou 1,8% da população da cidade.

 

Altos e baixos


Assim como na edição do ano anterior, a manutenção do lar, que envolve aluguéis, impostos prediais, contas de energia elétrica, água, entre outras, representa a maior fatia dos gastos das famílias prudentinas, com R$ 1,091 bilhão, o equivalente a 25,9% da cifra total. Em 2013, o dispêndio neste quesito chegou a R$ 1,111 bilhão, algo compatível a 26,1% do valor, ou cerca de R$ 20 milhões a mais que neste ano.

O fator alimentação aparece no segundo patamar, com participação de R$ 648,2 milhões, frente aos R$ 651,9 milhões de 2013. A classe A deve investir mais para se alimentar fora de casa (R$ 55,5 milhões) do que dentro dela (R$ 54 milhões). Em contrapartida, as classes C, D e E ainda preferem a alimentação em domicílio (R$ 157,8 milhões contra R$ 76 milhões). Na mesma linha, a classe B deverá consumir o equivalente a R$ 304,8 milhões em alimentos, tanto dentro como fora de casa, ou 47% do total do quesito.

Na parte inferior da tabela, assim como na edição do ano passado, o consumo com livros e materiais escolares ficou em último plano na preferência da população prudentina, com R$ 18,3 milhões, a menor cifra entre as 22 categorias evidenciadas na pesquisa. Sozinha, a classe B detém 51,1% deste cenário, com uma participação de R$ 9,4 milhões. Por outro lado, as classes D e E devem gastar apenas R$ 236,5 mil com este quesito.

 

Reflexo nacional


Para Ricardo Anderson Ribeiro, presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Prudente), a retração no consumo dos prudentinos é reflexo do número reduzido de indústrias na cidade, situação que, consequentemente, coopera para a escassez de mão de obra especializada no mercado. Atualmente, ainda conforme o relatório da IPCMarketing, a cidade conta com 25.119 empresas, sendo 10.810 do ramo de serviços; 1.715 relacionadas ao agrobusiness; e 10.111 do setor do comércio, frente às 2.483 indústrias.

"A questão não é apenas o poder de consumo, mas envolve muito o quesito do custo de vida. Estamos em uma região onde a renda per capita é muito nivelada, pois é composta predominantemente pelo setor do comércio. Somos uma região formadora de mão de obra especializada, mas que perde esses profissionais para outras áreas mais industrializadas. O salário do comércio é muito abaixo da renda gerada pelas indústrias", considera o presidente.

O ponto de vista de Ribeiro é compartilhado pelo economista Eder Canziani. Porém, para ele, o cenário do município corrobora com a atual economia do país, que deve fechar este ano com um crescimento de 1,8% e uma inflação de 5,9%, além de um PIB (Produto Interno Bruto) apenas 2,2% superior, segundo projeções da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). "O que acontece em Prudente é consequência da recessão da economia nacional. O país não está conseguindo avançar o PIB, por mais que tenha o interesse por parte do governo em valorizá-lo. A renda nacional está caindo, justamente pelo atual cenário do PIB, o que por sua vez gera o desemprego e o baixo poder de compra da população", analisa o economista.
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