Muito se fala sobre a polarização que atualmente vivemos na política. Opiniões, muitas vezes, manifestadas de forma exacerbada e sob contendas pessoais; até mesmo entre familiares e amigos de longa data, causam sérias preocupações. Não obstante, efeitos negativos produzidos por tais embates ideológicos e políticos sobre uma questão que deveria ser analisada de forma mais profunda e abrangente.
“Nada saber, saber mal o que se sabe, saber cousas outras além do que se deve saber, são a maior causa da ignorância e das escolhas erradas, muitas vezes escolhas pautadas por opiniões alheias ou até mesmo pela sorte”, descreve a canadense Linsey Mc Goey, autora do livro “The Unknowers: How Strategic Ignorance Rulesthe world”. Em sua obra, ela chama de “Ignorância Estratégica” ou habilidade de explorar o desconhecimento para ganhar mais poder.
Esse conceito tanto pode ser observado nos meios privados e empresariais quanto na vida pública e política de uma sociedade. O uso da falta de conhecimento ou indução ao conhecimento errôneo, segundo Linsey, já é usado há séculos como artifício de manipulação da opinião. Somado ao que agora chamamos de “pós-verdade”, ou seja, uso de narrativas nem sempre factuais, resulta na receita para manipulação da opinião de uma determinada sociedade. Basta olharmos nosso próprio quintal de coronelismos regionais e currais eleitorais.
A evolução tecnológica e dos meios de comunicação, novas mídias digitais, internet banda larga, e agora o 5G, permite cada vez mais o acesso à informação; fato esse que traz luz à obscuridade dos monopólios da divulgação e nos permite garimpar a verdade de forma livre e diversa. Naturalmente, a princípio, gera diversidade de opiniões, mas sem dúvida alguma faz com que a sociedade evolua, e a ignorância seja cada vez menos usada como artifício de controle.
“O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”. Partindo da premissa da frase do líder espiritual “Buda”, chegamos à conclusão que os males atribuídos à grande polarização das ideias existentes hoje, em oposição ao confortável monopólio do pensamento, serão muito mais fecundos na depuração de uma sociedade mais evoluída, justa e perfeita.
