Por que fazer Engenharia como segunda graduação? – P2

OPINIÃO - Roberto Ito

Data 07/02/2025
Horário 04:30

O mar é uma imensidão de água salgada... Com suas idas e vindas, as ondas carregam para a praia troncos, areia, conchas, e raramente pérolas. Nos primeiros anos do curso de Engenharia Civil (há distantes dez anos atrás), um sujeito de quase dois metros de altura, passadas desengonçadas, estava lá na sala de aula... Era o Trepiche. Ele vem de uma família tradicional na construção civil, mais especificamente na área de instalações hidráulicas. Ele já tinha uma sólida carreira de mais de 20 anos como funcionário público (diretor de unidade prisional), e já era graduado em Pedagogia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). 
Ele tinha dentro de si um sonho latente de fazer Engenharia. Mas nem tudo são flores... O curso era somente integral, não havia aulas noturnas, e dinheiro então, uma barreira aparentemente intransponível. Mas, a semente do sonho estava lá, plantada. Com o tempo, o financeiro passou a não ser a principal barreira, e ele enxergou a possibilidade de cursar Engenharia Civil no período noturno, após o trabalho. Muitas vezes, eu o vi dormitando na sala de aula, naquele estado quase R.E.M. do sono. Mas ele não faltava na aula. Firme como seus princípios e seu sonho. 
Durante a faculdade, segundo ele mesmo, enfrentou dois grandes desafios. O primeiro foi encontrar tempo para estudar, já que conciliava duas atividades profissionais. O segundo foi relembrar conteúdos do ensino médio, como física, química e matemática, fundamentais para a engenharia. Para superar essas dificuldades, adotou uma postura estratégica brilhante, fundamentada em três pilares: 1) dedicação total durante o tempo de sala de aula – o tempo era só para prestar atenção no conteúdo, 2) nunca saia da sala de aula com dúvidas – não importa se for necessário perguntar 20 vezes a mesma coisa, só a compreensão total é suficiente, 3) sempre revisava o conteúdo estudado. Quando necessário, ele sempre fazia contato com os professores, sem medo de ser taxado de chato. 
Segundo Trepiche: “Ser engenheiro civil exige tempo, comprometimento e dedicação. Foi preciso abrir mão de finais de semana, momentos de lazer com a família e amigos, e muitas horas de descanso. Engenharia Civil não permite estudo pela metade ou você se dedica integralmente, ou não há progresso”. 
Hoje, passados cinco anos de formação, ele capitaneia a empresa da família, de instalações prediais, e objetiva aposentar-se do poder público, que era sua principal renda no passado, para dedicar-se exclusivamente à engenharia civil, atualmente, sua maior fonte de renda. “Hoje, após cinco anos atuando no mercado da engenharia, vejo que todo o esforço valeu a pena. Aprimorei meus conhecimentos em construção civil, especialmente na área hidráulica, e também melhorei muito minha condição financeira. O mar me presenteou com esta pérola...”.
 

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