Duas práticas que precisam ser repensadas urgentemente são o telemarketing e o e-mail marketing. Estes setores de comunicação direta ou relacionamento com o cliente, antes somente uma “chatice” que dava até para aguentar, viraram agora um espaço para tudo, menos marketing.
Tem estelionato, venda de produtos ilegais, links que te levam para arapucas, extorsão, ameaças, abusos de tudo que é tipo. De vez em quando é de fato uma ou outra comunicação real de empresa e aí que está o problema: os dois segmentos, que inclusive geram milhares de empregos no Brasil e são ainda usados de forma decente por muitas empresas, estão tão sem credibilidade que não dá para saber mais se as ligações e os e-mails são honestos ou não. Minhas caixas de e-mail e minha lista de ligações indevidas mostram que não estão generalizando.
Aliás, quem também prova que há um problema sério nestas linhas é a Agência Nacional de Telecomunicações, que divulgou esta semana na Folha de S. Paulo um estudo, ainda referente a 2022, que aponta que o brasileiro recebe mais de 1 bilhão de chamadas de telemarketing abusivo por mês. Um bilhão, gente!
Há casos de pessoas que recebem 20, 30 ligações por dia! É tanta ligação que se a gente fosse atender tudo isso, não trabalharia mais ou cuidaria da família.
Para escapar do inconveniente, a Anatel disponibiliza ao público, o “Não me Perturbe”, que pode ser acessado via gov.br, de maneira gratuita. Operadoras também oferecem garantias de privacidade para e-mails e ligações, mas a simples existência destes dispositivos mostra que a situação não está sob controle.
O que a povo brasileiro precisa não é de remédio, mas de cura. Precisa de mais segurança, por exemplo, no sistema de proteção, captação e distribuição dos dados para além da já existente LGPD (Lei Geral de Proteção de dados) porque boa parte das ligações e e-mails que recebemos nada mais é do que fruto de venda de nossos números de identificação.
Taí uma boa pauta para os nossos deputados. A regulação deste setor exige tanta atenção deles quanto viagens internacionais ou brigas por emendas que atendam seus currais eleitorais. Porque nestes últimos casos, a gente viu que eles estão bem craques.