PP soma 811 casos de violações de direitos

Destacam-se o descaso em relação à escolaridade, diante de 263 ocorrências de faltas reiteradas, e solicitação de serviço público

PRUDENTE - VICTOR RODRIGUES

Data 02/09/2016
Horário 11:04

 


Os dois conselhos tutelares de Presidente Prudente registraram 811 casos de violação de direitos no município, de janeiro a junho deste ano. No entanto, foram ao todo 1.099 ocorrências registradas, visto que em alguns casos as crianças sofriam mais de uma violação de direito. Deste total, destacam-se o descaso em relação à escolaridade dos pequenos, visto que existem 263 ocorrências de faltas reiteradas, e solicitação de serviço público.

"A falta reiterada é por conta dos adolescentes que ‘matam’ aula. O pedido de serviço público, por exemplo, ocorre quando uma criança tem consulta médica para daqui alguns meses, mas a situação está crítica. Os pais nos procuram e intermediamos o adiantamento da consulta com os órgãos de saúde", explica Raquel Alfaro, coordenadora do Conselho Tutelar II.

Houve uma redução de 20,56% no total de casos de violações, em comparação ao primeiro semestre de 2015, quando foram 1.021. Todavia, Raquel elucida que o indicador pode não representar a realidade, visto que foi promovido um acordo com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, em que os casos de requisição de educação infantil (creche) seriam encaminhados ao órgão. "Mesmo assim, ainda existem muitas violações devido à carência de políticas públicas no nosso município, como é percebido nos novos conjuntos habitacionais, que não possuem serviços básicos necessários funcionando ainda, como postos de saúde e escolas próximos", relata.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) garante que a criança tenha prioridade em atendimento médico. "Tudo isso é violação de direito. Há de se considerar que as violações de direito podem ocorrer de diversas formas e simultaneamente, sendo assim, uma criança ou um adolescente pode vivenciar ao mesmo tempo mais de uma violação", detalha.

 

Balanço dos conselhos

Segundo o balanço do Conselho Tutelar I, coordenado por Maria Chamim, a unidade atendeu 494 casos no primeiro semestre de 2015. Já nos meses de janeiro a junho deste ano, foram 527 casos. As três violações que se destacam são: negligência, com 89 casos; solicitação de serviço público, com 71 casos; e faltas reiteradas, com 59 casos. Já o Conselho Tutelar II registrou 485 casos no primeiro semestre de 2015; e 326 de janeiro a junho deste ano. As três violações que se destacam neste ano na unidade são: faltas reiteradas, com 86 casos; solicitação de serviço público, com 47 casos; e violência física, com 41 registros.

"Este órgão faz diligências no sentido de apurar a veracidade dos fatos. Em casos de denúncia procedente são feitos encaminhamentos para serviços, os genitores podem ser advertidos e a família é acompanhada por um determinado período", comenta Raquel. Casos em que são esgotadas todas as possibilidades dos conselhos são remetidos ao Poder Judiciário.

Em casos de encaminhamentos dos serviços, o órgão pode notificar a família para comparecimento, apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis. "O conselho deve ter uma boa articulação com todos os serviços da rede do município, uma vez que ele possui a atribuição de requisitar serviços", diz a coordenadora. Em relação aos projetos sociais, as famílias são encaminhadas aos Cras (Centro de Referência da Assistência Social) do território, para a Secretaria Municipal da Educação ou para as entidades sociais. Qualquer cidadão que perceber uma violação de direitos deve acionar o Conselho Tutelar do seu município. As denúncias podem ser anônimas.

 

 

Casos referentes ao 1º semestre de 2016



































































































































































































































































































Violações de Direito

Conselho Tutelar I



Conselho Tutelar II



Total


Violências físicas

52



41



93


Violências psicológicas

14



5



19


Abuso sexual com criança

20



17



37


Abuso sexual com adolescente

8



12



20


Uso de substâncias psicoativas pelos genitores

14



15



29


Ausência de infraestrutura residencial (água, energia, alimentos, etc.)

5



4



9


Ausência de moradia

1



0



1


Condições precárias de moradia

2



1



3


Conflito familiar

33



16



49


Em razão de sua própria conduta

42



39



81


Ato infracional

4



1



5


Negligência e maus tratos pelos genitores

89



28



117


Atos atentatórios ao exercício da cidadania (negação de filiação, falta de documentos)

0



1



1


Práticas institucionais irregulares (maus tratos, gritos, situações vexatórias, apelidos)

0



0



0


Discriminação

0



0



0


Aprisionamento

1



1



2


Exploração sexual

0



0



0


Atos atentatórios à vida (vacinação, alimentação, testes obrigatórios, pezinho, orelha, ausência de pré-natal, etc.)

20



22



42


Não atendimento médico

5



4



9


Ação ou omissão de agentes externos (genitor, genitora, guardião legal e outros)

5



6



11


Atendimento médico inadequado

0



0



0


Gravidez na adolescência

15



13



28


Drogadição de criança

2



1



3


Drogadição de adolescente

13



8



21


Impedimento ao acesso ao ensino: infantil, fundamental e médio (por omissão familiar ou do Estado)

19



9



28


Impedimento de permanência no sistema educacional (transferência compulsória)

0



0



0


Ausência ou impedimento de acesso à creche

7



4



11


Evasão escolar

16



16



32


Faltas reiteradas

59



86



145


Ausência de condições educacionais adequadas (Falta material, sala inadequada, superlotação, falta de tutor)

4



7



11


Falta de acesso a programas de cultura, esporte e lazer

2



2



4


Ausência de transporte escolar adequado ou não existência

4



2



6


Violência física no ambiente escolar

12



7



19


Violência psicológica no ambiente escolar

7



8



15


Bullying

5



1



6


Exploração do trabalho de criança (intra e extrafamiliar)

1



1



2


Exploração do trabalho de adolescente (intra e extrafamiliar)

0



6



6


Ausência de projetos para formação de adolescente

0



0



0


Inobservância da legislação trabalhista

0



1



1


Condições adversas de trabalho

0



0



0


Denúncia improcedente

68



31



99


Abrigamento

1



0



1


Impossibilidade de atendimento

0



0



0


Recâmbio

4



4



8


Procedimentos definidos em lei (certidão de nascimento, encaminhamento à Defensoria, etc.)

4



3



7


Solicitação de serviço público

71



47



118


Total de ocorrências

629



470



1099



Fonte: Conselhos Tutelares
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