Presidencialismo de coalizão

OPINIÃO - Thiago Granja Belieiro

Data 29/07/2021
Horário 05:00

O presidencialismo de coalizão, sistema hoje em vigor no sistema político brasileiro é, talvez, origem dos maiores males da política nacional. Outros sistemas, como o norte-americano, com apenas dois partidos, ou aqueles observados nos sistemas parlamentaristas europeus, com quatro ou cinco partidos, também funcionam em torno de coalizões que garantem maioria e a necessária governabilidade, isto é, o apoio do parlamento das medidas do Executivo. 
No caso brasileiro, onde temos 33 partidos políticos, as coalizões se estabelecem de formas as mais inusitadas. O aspecto fundamental das alianças políticas entre os partidos deveria se dar em torno dos aspectos ideológicos, que determinariam as políticas públicas e as práticas políticas dos projetos de poder em disputa. 
Com isso, os partidos de esquerda, que preferem a solidariedade, ou os partidos de direita, que preferem o egoísmo, na definição do ex-presidente do Uruguai, Pepé Mujica, fariam suas alianças e implantariam seus projetos de acordo com suas ideologias e convicções. 
Sim, mas no meio do caminho tinha o centrão, ou melhor, no presidencialismo de coalizão brasileiro, temos um bloco grande e heterogêneo de partidos que se orientam menos por ideologia e convicções e mais por interesses em poder, verbas e cargos na máquina pública. 
Essa característica do presidencialismo multipartidário do país promove uma desassociação entre as ideologias e as práticas políticas da maioria dos partidos políticos, notadamente esses do centro. Isso ocorre uma vez que partidos de esquerda e direita costumam ter suas ideologias políticas mais bem delineadas, bem como seus projetos políticos, econômicos e sociais. 
Com o centrão não temos isso, uma vez que esses partidos não têm claramente definidas no Brasil suas ideologias, embora apresentem-se na maioria como “liberais”na economia e “conservadores”nos costumes, é sabido de todos que isso é o que menos importa ao centrão. 
A observação da história política recente do país facilmente mostrará os caminhos tomados pelo centrão nos últimos 30 anos. A guinada do atual governo, da extrema direita para os colos do centrão, é só mais um capítulo da falta de ideologia, ética política e projetos para o Brasil, que padece sem rumo a 2022. 
 

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