Até a noite de ontem, três defensores públicos eram mantidos reféns na Penitenciária de Lucélia, devido a uma rebelião iniciada no interior do presídio. O motim ocorreu durante o banho de sol, por volta das 14h. Segundo informações da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), o GIR (Grupo de Intervenção Rápida), a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e estavam, até o fechamento desta edição, de prontidão ao lado de fora da unidade.
Ao explicar o fato, a SAP relata que cinco advogados do Estado chegaram à penitenciária por volta das 9h, a fim de realizarem atendimento a presos da unidade. “A direção informou aos defensores que não seria apropriado entrar naquele momento, pois os detentos estavam no horário do banho de sol, porém, os defensores insistiram em entrar”, completa.
Eles continuaram com a investida e entraram nos pavilhões três e quatro. Logo em seguida, após 20 minutos, os presos do local pegaram três dos cinco defensores e os fizeram de reféns. No mesmo instante, os reeducandos começaram a danificar o prédio, ao quebrar portas dos pavilhões, com a intenção de liberar todos os presos. Como pode ser visto na imagem, fumaça preta tomou conta do céu e encobriu parte da unidade prisional. “Ressalvamos que quando foi iniciado o movimento subversivo, todos os funcionários da unidade foram retirados do interior da carceragem”, argumenta a SAP.
A secretaria também lembra, à reportagem, que os advogados e juízes possuem acesso irrestrito nas unidades “e não podem ser impedidos de entrar em qualquer estabelecimento penal”. Desde o início da rebelião, o diretor da penitenciária e o coordenador da Croeste (Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Oeste Paulista) efetuam as negociações com os presos.
A pasta não relatou se a rebelião atingiu todo o prédio e nem quantos detentos estão envolvidos, bem como as causas que teriam motivado a revolta.
Acompanhamento
O motim não envolveu ASPs (agentes de segurança penitenciária) como reféns, desde o início da ação, como confirmado pela SAP. No entanto, o Sindasp-SP (Sindicato dos Agentes de Segurança do Estado de São Paulo) encaminhou diretores da categoria para acompanharem de perto a rebelião. Gilmar Pereira, diretor de regionais, e Isamel Manoel, diretor administrativo, se deslocaram até o presídio para presenciar as negociações na tarde de ontem.
Facções
Após boatos de que o motim tem suposto envolvimento com uma facção que age dentro e fora dos presídios paulistas, o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado) do MPE (Ministério Público) de Presidente Prudente, garante que não dá para “cravar” que as causas exatas foram motivadas por conta dessa ligação, contudo, lembra que a penitenciária tem predominância em agregar integrantes de facções.
“Os reféns estão bem, mas ainda estão em refém. E a previsão é que essa situação perdure durante a madrugada toda”, completa o promotor, que ressalta a participação exclusiva da comarca de Lucélia, no que tange as negociações. “Até o momento, o Gaeco não tem nenhum envolvimento. Caso seja confirmado o envolvimento de facções, a gente assume o controle”. O grupo especial, segundo ele, pode agir na investigação pós-rebelião.
SAIBA MAIS
De acordo com números expostos pela secretaria, a população carcerária do local está em 1.820 detentos, enquanto a capacidade é de 1.440. Na área de progressão penitenciária, a situação é 126 presos, quando o necessário era de 110. Desta forma, a unidade prisional possui 396 pessoas a mais que a capacidade. Os dados foram atualizados no site da SAP, no dia 23 de abril.