Prevenção do câncer faz cavaleiro percorrer América

Filipe começou a “Jornada ao Fim do Mundo" na companhia de duas éguas, de Barretos até a Patagônia, e deve levar um ano

VARIEDADES - Oslaine Silva

Data 07/05/2016
Horário 09:29
Pelas estradas desse mundão afora, na companhia de duas éguas Quarto de Milha, Life e Doll, o cavaleiro viajante, ou cavaleiro da América, como é conhecido, Filipe Masetti Leite, 29 anos, de Espírito Santo do Pinhal (SP), carrega na bagagem algo bem maior que uma aventura: o espírito solidário em uma causa nobre que é a conscientização, diagnóstico precoce e prevenção do câncer. Ele saiu de Barretos no dia 10 de abril, e pretende, em um ano, cavalgar em uma "Jornada ao Fim do Mundo", 8 mil quilômetros entre Brasil, Uruguai, Chile até a Patagônia na Argentina. Ele fica em Presidente Prudente até terça-feira.

Jornal O Imparcial Todo projeto da "Jornada ao Fim do Mundo" é registrado para uma empresa americana

Simpático, Filipe contou à reportagem que após sua primeira viagem sob o lombo desses animais inteligentes e dóceis, ele conheceu os trabalhos realizados no Hospital Infantil do Câncer de Barretos, e imediatamente pensou em fazer algo para propagar informações necessárias às pessoas dos mais longínquos lugares, do quanto o diagnóstico precoce dessa doença terrível, é importante.

Segundo ele, há pessoas que quando se deparam com qualquer obstáculo em sua vida, logo desanimam, pensam em desistir. Imagine com algo assim? E quando lhe apresentaram o hospital logo pensou no que poderia fazer para arrecadar fundos.

"Então estou por aí com um trabalho educacional e informativo. Perdemos muitas crianças por serem diagnosticadas com câncer tarde demais. E ressalto isso para as mães que tenho visitado nas vilas, sítios, por onde tenho passado. Sei o que essa doença representa. Meu pai teve , dois tios, perdi uma grande amiga aos 18 anos. É lamentável, doloroso, todos ao redor sofrem!", exclama.

 

Patrocínios


Antes de botar o pé na estrada, Filipe apresentou seu projeto a uma produtora dos Estados Unidos, que o comprou na hora. Durante toda sua viagem ele registra cada momento, o que virarão 16 capítulos de um  documentário, de ambas as aventuras.

"Tenho outros vários patrocinadores, principalmente, pessoas, por onde eu passo. Aqui em Presidente Prudente, por exemplo, nem tenho como agradecer toda a diretoria do Rancho Quarto de Milha que está cuidando das minhas éguas com todo carinho"!, agradece o cavaleiro.

 

Sonhos de infância


Filipe relembra que todo esse desejo em sair à cavalo pelo mundo já era um sonho cultivado desde a sua infância. "Meu pai sempre me contava uma história de um cowboy suíço que viajou do seu país até a Argentina dessa forma. E eu sonhava com isso", acentua.

Em sua primeira aventura, ele cavalgou 16 mil quilômetros, durante dois anos quando voltou do Canadá - onde fora estudar Jornalismo - ao Brasil. Passou por dez países e nesse trajeto conheceu pessoas incríveis, suas histórias, alegrias, lutas... vidas!

"O que me aperta o coração em algumas paradas é a desigualdade social nua e crua. Muitas pessoas não têm nem o básico, enquanto outras têm até demais... são extremos que se contrastam, a pobreza e a riqueza. E hoje quando vemos essa corrupção absurda, tanto dinheiro sendo roubado, é vergonhoso. Eu vivi muito tempo no Canadá e confesso que é outra realidade. Dói ver o desespero de desempregados, pessoas doentes sem uma saúde digna. Enfim", denota.

 

Aqui, ali


Em todo esse tempo de estradas, pontes, viadutos, roças, ranchos, são alguns lugares que se transformam no quarto de Filipe. O amigo Mark Maw, a bordo de uma van com suprimentos, alimento para os animais, etc, deve acompanhá-lo até a fronteira do Uruguai.

"Em minhas paradas durmo em qualquer lugar, mas aqui no Brasil se tem uma coisa que é louvável é a receptividade, o acolhimento das pessoas que te colocam dentro de casa como se fosse um membro da família! Esta é uma das melhores partes da viagem", salienta.

Em sua página no facebook está um depoimento da mãe de Filipe que explica de onde vem o bom coração do rapaz. "Sempre se preocupando com todos e principalmente com os menos afortunados. Às vezes me pergunto, por que fui escolhida sua mãe, você é tão melhor que eu. Quando crescer quero ser igual a você meu filho. Deus te acompanhe, te guie e ilumine neste estradão em mais uma jornada do bem", escreve a mãe!

 

 
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