Prioridade é o básico bem feito

Jair Rodrigues Garcia Júnior

Quando foi criada a escada rolante as pessoas deixaram de usar a escada comum. Com a criação de alguns medicamentos as pessoas deixaram de cuidar da prevenção primária (dieta, exercício, controle de peso). Agora, com a facilidade da inteligência artificial generativa as pessoas não escrevem mais textos, entre outras coisas. Esses itens são fantásticos e trouxeram muitos benefícios, porém deixar de fazer algumas atividades pode significar prejuízos e até involução.

ACESSÓRIOS
Você que pratica algum treinamento ou esporte repare em quantos acessórios estão disponíveis nas lojas. Quais deles são realmente necessários, quais melhoram efetivamente os resultados ou desempenho? As empresas e os próprios usuários fazem você crer que o acessório “é essencial” para sua prática, o que é falso para a maioria deles.

SUPLEMENTOS
A variedade de opções é tão grande que confunde até alguns profissionais nutricionistas que não tiveram formação de bom nível. Imagine então um leigo diante de uma estante com duas dezenas de suplementos diferentes. Cerca de 90% das pessoas que usam, na realidade não precisam porque cuidam bem da dieta e/ou não têm gasto realmente elevado no treinamento. Cerca de 80% dos suplementos não têm efeito nenhum para ninguém. São muito bons apenas para o lucro dos fabricantes e comerciantes. 

ESTÉTICA AVANÇADA
Você já pensou se todos os produtos e serviços que usou ou usa para estética realmente trazem resultados? Vários dos produtos para pele, cabelos, emagrecimento etc podem ser inócuos ou até provocar prejuízos à saúde. A moda de usar hormônios esteroides para estética e desempenho está perdurando há alguns anos e tem feito uma porção de vítimas, inclusive de problemas cardiovasculares, com desfecho de óbito. 

ANÁLOGOS DAS INCRETINAS
Victoza, Ozempic, Saxenda, Wegovy, Mounjaro etc são os medicamentos da moda. Foram criados como opção para o tratamento do diabetes tipo 2 e passaram a ser utilizados também para o tratamento da obesidade. Porém, seu uso rapidamente passou a ser desvirtuado, com a utilização para perda de “alguns quilinhos” em pessoas que sequer apresentam morbidades. Passou a ser também um substituto para prática de exercício e dieta mais bem controlada. 

ORFOGLIPRONA
Esse é o novo medicamento que se liga no receptor de GLP-1, assim como os medicamentos mencionados logo acima. Porém, a orfogliprona é uma molécula pequena e não peptídica, o que trás vantagens de armazenamento, aplicação e custos. Em estudo publicado em setembro de 2025 na revista New England Journal of Medicine, o uso da orfogliprona durante 1,5 ano provocou redução de peso de 10 a 20%. Pode se tornar uma opção mais acessível para os diabéticos e obesos, mas também uma droga de uso desnecessário e abusivo por muitos outros.

GET IT SIMPLE
Seus resultados e desempenho dependem quase nada do relógio, app, óculos, viseira, dietas da moda, suplementos, tênis mais caro etc. Dependem muito da sua intenção, de orientação profissional de qualidade, do seu empenho, da constância na dieta, treinos e sono. Como dizem os professores Paulo Leite e Paulinho da Acessoria Iron3Tri, faça o simples muito bem feito (get it simple), sempre se baseando em ciência e paixão (science and passion) na busca de seus objetivos.  

 Sua prioridade deve ser fazer o simples muito bem feito, sempre se baseando em ciência e paixão na busca de seus objetivos.  


Referências
Rosenstock J, Hsia S, Nevarez Ruiz L, ..., ACHIEVE-1 Trial Investigators. Orforglipron, an oral small-molecule GLP-1 receptor agonist, in early type 2 diabetes. N Engl J Med. 2025; 393(11): 1065-1076. http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa2505669 

Wharton S, Aronne LJ, Halpern B, ..., ATTAIN-1 Trial Investigators. Orforglipron, an oral small-molecule GLP-1 receptor agonist for obesity treatment. N Engl J Med. 2025 Sep 16. http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa2511774 

Wharton S, Blevins T, Connery L, ..., GZGI Investigators. Daily oral GLP-1 receptor agonist orforglipron for adults with obesity. N Engl J Med. 2023; 389(10): 877-888. http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa2302392 

Willink J, Babin L. Responsabilidade Extrema. São Paulo: Alta Books, 2021. 352p. 

 

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