Produto é commodity, marca é percepção

OPINIÃO - Walter Roque Gonçalves

Data 15/06/2025
Horário 05:01

Em um mundo onde os consumidores estão cercados por infinitas opções, a velha máxima do marketing nunca foi tão atual: produto é commodity, marca é percepção. Por mais que se busque diferenciação nos atributos tangíveis — sabor, durabilidade, qualidade técnica —, é a forma como o público percebe uma marca ou produto que, na maioria das vezes, define o sucesso de um negócio.

Experimentos ao redor do mundo demonstram isso com clareza quase desconcertante. Na Austrália, um experimento social ofereceu água de torneira (de qualidade) embalada com design elegante e uma história envolvente sobre sustentabilidade e inovação. Resultado? A grande maioria das pessoas que experimentaram desta água, embalada pelo marketing, relataram experiência diferenciada e percepção clara de qualidade. O líquido era o mesmo que sai das torneiras das casas, mas a embalagem e o storytelling criaram um valor que justificou o preço. A água não mudou. A percepção sim.

No universo do chocolate, testes cegos revelam resultados similares. Quando marcas premium como Lindt ou Cadbury são comparadas a produtos mais simples sem identificação, as preferências do público se diluem. Mas basta apresentar a embalagem elegante e o nome da marca para que a mesma amostra pareça mais saborosa e valiosa. O paladar muda? Não. O julgamento sim. E isso vale ouro no mercado. Estes experimentos se multiplicaram pelo mundo alternando apenas os produtos como chocolate, bolos e até um restaurante.

Empresas enfrentam hoje o desafio de se manterem estáveis em um ambiente quase imprevisível. Produtos e serviços são copiados com facilidade. Uma tecnologia inovadora hoje, amanhã já é padrão. O que sustenta o crescimento é o posicionamento: a marca, a história contada, a promessa feita ao consumidor e as entregas.

Isso exige mais do que campanhas publicitárias. Requer consistência, coerência e clareza na comunicação. Exige entregar valor simbólico, emocional e social, além do funcional. Um restaurante não vende só comida, vende uma experiência. Uma academia não vende só treino, vende autoestima. Um posto de combustíveis não vende apenas gasolina, vende confiança, segurança e praticidade.

Por isso, empreendedores que desejam crescer de forma sustentável precisam investir na construção e manutenção da sua marca. Não basta ter um bom produto. Isso é o mínimo. É preciso se diferenciar na mente e no coração do consumidor. E isso se faz com propósito, narrativa, atendimento e coerênciaa

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