Professora se emociona com reconhecimento de ex-aluna

Assim como Silvane, Iracema Caobianco relembra o tempo em que conviveram em sala de aula, nos anos 80 e 90, na Navio: “ver sua trajetória hoje e que tudo valeu a pena é maravilhoso”

VARIEDADES - OSLAINE SILVA

Data 16/08/2020
Horário 06:50
Facebook - Iracema promovia diversos projetos para introduzir os estudantes no universo dos livros
Facebook - Iracema promovia diversos projetos para introduzir os estudantes no universo dos livros

“A cada nova conquista acadêmica eu me lembrava da professora Iracema Caobianco, na escola Navio, nos anos de 1980/90!”. É o que exclama a ex-aluna Silvane Aparecida da Silva que, por meio de mensagem, exaltou a ex-professora em suas redes sociais.
Na época referida, Iracema conta que era responsável pela biblioteca da instituição e promovia diversos projetos para introduzir os estudantes no universo dos livros. Naqueles anos, Silvane até fez um manualmente, colocando o nome dela na dedicatória.
A professora narra que ficou muito feliz de essa menina tê-la encontrado. Muito emocionada, ao ponto de sentir como se o seu coração fosse pular de alegria fora do peito! Ela reflete admirada sobre “a menina de uma escola estadual” ser seduzida pela leitura, algo que os professores almejam tanto. 
“E depois a gente ver que o aluno quando é estimulado tem uma trajetória para melhorar a vida é maravilhoso. Era o que eu passava falando de sala em sala da escola. Sobre a necessidade de cultivar esse hábito. Ela leu toda a coleção do Vagalume. Eu a orientava para os clássicos da literatura. Espero que essa reportagem seja inspiradora para outros jovens, pois nessa era virtual, vemos que todos, inclusive os adultos, estão distantes da leitura. Então é importante resgatar esse hábito”, destaca Iracema, com a voz embargada pela comoção!

Chance para mostrar suas potencialidades

“Sou uma entusiasta defensora das políticas públicas voltadas para a classe trabalhadora, em especial as políticas afirmativas de incentivo à educação, como bolsas, auxílio moradia, cotas. Isso porque tenho certeza de que havendo oportunidade, as pessoas podem mostrar as suas potencialidades. Como a professora Iracema me deu”, acentua grata a ex-aluna, que galgou para uma carreira brilhante!
Quando terminou o magistério, Silvane foi cursar licenciatura em História, na Unesp (Universidade Estadual Paulista), lá conquistou uma bolsa de iniciação científica, da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), para desenvolver uma pesquisa sobre as representações das mulheres negras na literatura. Quando estava no último ano do curso, prestou e passou no concurso público para professores da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Foi dar aulas na Baixada Santista. 
Naquele momento, a secretaria ofertava uma bolsa de continuidade de estudos, por meio do Programa Bolsa Mestrado. Conseguiu ingressar no Programa de Mestrado em História da PUC/SP e defendeu a dissertação “Racismo e sexualidade nas representações de negras e mestiças na literatura no final do século 19 e início do 20”, obtendo o título de mestre em 2008. Atuou como professora coordenadora do Núcleo pedagógico da Diretoria de Ensino de Santos, entre os anos de 2006 a 2011. Em 2012, foi convidada a compor a equipe do Ninc (Núcleo de Inclusão Educacional do Centro de Atendimento Especializado), como gestora da modalidade de ensino Educação Escolar Quilombola. Neste trabalho desenvolvido com as comunidades quilombolas, elaboraram um livro de narrativas quilombolas para as escolas localizadas nos quilombos. Após conhecer tantas histórias de luta, decidiu então retornar para a universidade para cursar o doutorado, defendendo a tese intitulada “O protagonismo das mulheres nas lutas por direitos nas comunidades quilombolas do Estado de São Paulo (1988-2018)”. 
“Fui contemplada com uma bolsa de incentivo acadêmico do Programa Abdias Nascimento, do Ministério da Educação, com o objetivo de promover o intercâmbio entre pesquisadoras/e negras/os em universidades do mundo todo. Durante 2018, fui pesquisadora visitante no Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, onde pude divulgar as pesquisas por mim realizadas e aprofundar meus conhecimentos”, expõe.

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