Professores participam de atualização sobre educação no campo

Iniciativa trabalha as especificidades do ensino-aprendizagem e sua relação com a vida no meio rural

REGIÃO - Da Redação

Data 02/07/2018
Horário 19:22
Cedida/Unoeste - Curso de atualização sobre educação do campo, na escola Arthur Ribeiro
Cedida/Unoeste - Curso de atualização sobre educação do campo, na escola Arthur Ribeiro

Políticas públicas sobre educação do campo têm sido amplamente debatidas em seminários e eventos do gênero desde 2010, quando foram implantadas pelo governo federal. Na região de Presidente Prudente o maior foco está nos assentamentos da reforma agrária, concentrados em grande parte no Pontal do Paranapanema que acaba de receber iniciativa inédita voltada à criação de projeto político-pedagógico diferenciado, capaz de atender as especificidades do ensino-aprendizagem e suas relações com a vida no meio rural.

O primeiro passo prático foi dado sábado (30) quando ocorreu a aula de abertura da primeira edição do curso de atualização “Educação do Campo no Pontal do Paranapanema”, ofertado para professores de 30 escolas estaduais vinculadas à Diretoria de Ensino de Mirante do Paranapanema, com prioridade aos que atuam em 13 unidades rurais desse e de outros sete municípios: Narandiba, Rosana, Euclides da Cunha Paulista, Teodoro Sampaio, Tarabai, Estrela do Norte e Sandovalina. Entre mais de 100 inscritos, foram selecionados 60.

Iniciadas agora, as aulas terão sequência em encontros mensais a partir de agosto, quando os professores retornarem das férias, realizados na Escola Estadual Arthur Ribeiro, na zona urbana de Teodoro Sampaio. Palestras e oficinas estão incluídas na carga de 60 horas, com a proposta de construção coletiva de uma escola que faça mais sentido aos alunos, professores e aos agricultores familiares. A realização envolve pesquisadores científicos da área de educação vinculados a Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista), sendo que essa parceria com a Diretoria de Ensino tem o aval da Secretaria de Estado da Educação.

São responsáveis pelo curso a supervisora de ensino Joceli Sevilha Gonçalves Barbeto e a pesquisadora Érika Porceli Alaniz, vinculada ao PPGE (Programa de Pós-graduação em Educação) da Unoeste, que oferta mestrado e é coordenado por Marcos Vinicius Francisco. Os três fizeram a abertura no sábado, acompanhados por Marisa Luz, da coordenação de educação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). Joceli falou em nome do diretor de ensino Enio Magro, oferecendo explicações sobre o curso. Érika disse que o curso consiste no primeiro momento e que o segundo será o de pesquisa-ação colaborativa, para construção do projeto político-pedagógico.

Conforme o Francisco, a proposta de construção do projeto envolve diretamente os professores e, portanto, “não é uma realização verticalizada das universidades”. A aula inicial teve o caráter diagnóstico, especialmente no sentido de começar a levantar os dilemas das pessoas que trabalham nas escolas, sejam elas rurais ou urbanas, pois existem alunos que estudam nas cidades, em especial os do ensino médio e da EJA (Educação para Jovens e Adultos). Com atividade de manhã e a tarde, o primeiro dia teve também a fala da mestre em Educação Eliezs Silva Leal, sobre a sua pesquisa relacionada à formação técnica agroecológica.

O professor coordenador do PCNP (núcleo pedagógico) do campo, Moacir Gonçalves, originário de um dos seis assentamentos da antiga fazenda São Bento, comentou ser muito importante o aluno ter no ensino condições de entender as oportunidades de desenvolver seus projetos de vida no campo, mantendo cada lote concedido pela reforma agrária como uma unidade produtiva. A coordenadora do núcleo pedagógico, Ivani Aparecida Souza Pereira, disse serem 8,7 mil alunos nas 30 escolas da Diretoria de Ensino, dos quais Gonçalves estima que 2,6 mil estudam nas escolas rurais.

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