Uma série de mobilizações de trabalhadores da enfermagem – enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem – marcou a terça-feira por todo o país, inclusive na região de Presidente Prudente, em prol da reivindicação do piso nacional da categoria. O objetivo da classe é concretizar a lei do piso salarial, aprovada no ano passado, que estabelece salário de R$ 4.750 por 40 horas trabalhadas para os enfermeiros, R$ 3.325 para os técnicos em enfermagem e R$ 2.375 para auxiliares de enfermagem e parteiras. Em setembro de 2022, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, suspendeu a lei, alegando um impasse orçamentário para o repasse dos novos valores a Estados e municípios.
No oeste paulista, nesta terça-feira, os atos foram registrados no decorrer da manhã e no horário de almoço em, ao menos, três cidades da região: Euclides da Cunha Paulista, Mirante do Paranapanema e Presidente Prudente.
Em Prudente, maior cidade da região, os trabalhadores da enfermagem se concentraram na rampa do Paço Municipal com cartazes para cobrar a reivindicação ao poder público. A auxiliar de enfermagem, Maria das Graças Silva Depieri, lamenta o não reconhecimento das reivindicações e fala sobre uma vertente das cobranças no cenário prudentino. “Hoje estamos em uma mobilização a favor do piso nacional da enfermagem. Mas aqui, como funcionários da Prefeitura, estamos também na luta pela reestruturação salarial. Desde 2015 houve várias correções de outros cargos, mas dos auxiliares de enfermagem ficou defasado”, relata a trabalhadora, que faz um alerta sobre uma possível paralisação da categoria.
“A gente faz um trabalho muito bem reconhecido pela população, mas os órgãos públicos, infelizmente, não têm este reconhecimento. Então, viemos nesta terça numa manifestação pacífica no nosso horário de almoço para não defasar os atendimentos, mas, se não formos ouvidos, a gente vai parar”, adianta Maria das Graças.
A presidente do Sintrapp (Sindicato dos Servidores Municipais de Presidente Prudente e Região), Luciana Telles, e a servidora Solange Ribeiro se reuniram com o secretário de Administração do município, João Donizete Veloso dos Santos, para apresentar a reivindicação e cobrar urgência na aplicação do piso. Na ocasião, foi solicitada uma reunião com o prefeito Ed Thomas (sem partido) e secretário municipal de Saúde, Breno Casari.
Já em Mirante do Paranapanema, de acordo com o Sintrapp, profissionais se concentraram às 8h em frente à ESF (Estratégia de Saúde da Família) Dr. Tércio Pessoa e seguiram em passeata pelas principais ruas do município. Com faixas, balões, apitos e nariz de palhaço, os servidores pararam em frente ao Paço Municipal e à Secretaria de Saúde. Nas faixas, a frase “Durante a Covid estivemos ao seu lado. Agora fique do nosso. Piso já!” se destacava como um apelo feito para a população.
Cedida/Sintrapp
Com faixas, balões, apitos e nariz de palhaço, servidores da enfermagem pararam em frente ao Paço Municipal e à Secretaria de Saúde de Mirante
Em Euclides da Cunha, por sua vez, os profissionais da enfermagem organizaram o ato na UBS (Unidade Básica de Saúde) Vereador Antônio Teixeira “Batata”, também com o objetivo de dar visibilidade e cobrar agilidade na aplicação do piso. A diretora da unidade, Alice Capatto, conta que a mobilização da categoria em nível nacional é de extrema importância para pressionar a aprovação e aplicação do piso nacional com a agilidade necessária. “Estes trabalhadores fazem parte da área da saúde, que foi tão evidenciada durante o período mais crítico da pandemia. Porém, apesar do trabalho feito na linha de frente, não obtiveram conquistas, valorização ou reconhecimento efetivo de suas funções”, relata.
Cedida/Sintrapp
Em Euclides da Cunha, profissionais organizaram o ato na UBS Vereador Antônio Teixeira “Batata”
Até o fechamento desta matéria, apenas a Prefeitura de Presidente Prudente respondeu aos questionamentos realizados pela reportagem de O Imparcial, que também entrou em contato com o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde de Mirante do Paranapanema e Euclides da Cunha Paulista.
Em nota, a administração de Prudente pontua que “entende e apoia a reivindicação dos servidores, mas aguarda autorização legal para dar continuidade à demanda, visto que o novo piso dos profissionais de enfermagem foi suspenso pelo STF”.
