Projeto de restauração da Mata Atlântica planta 322 mil mudas na região durante temporada de chuvas

Plantios foram feitos em 161 hectares no Pontal do Paranapanema, o equivalente a 161 campos de futebol; iniciativa é do IPÊ, com apoio de empresas

REGIÃO - DA REDAÇÃO

Data 25/04/2023
Horário 17:26
Foto: IPÊ
Equipe de campo durante restauração florestal no Pontal do Paranapanema
Equipe de campo durante restauração florestal no Pontal do Paranapanema

De outubro do ano passado a março deste ano, último período de chuvas, o projeto "Corredores de Vida", do IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), concluiu o plantio de 322 mil mudas em 161 hectares na região do Pontal do Paranapanema, o equivalente a 161 campos de futebol.

É desse projeto a formação do maior corredor já restaurado na Mata Atlântica, com 12 quilômetros e 2,4 milhões de árvores nativas. Até 2022, o IPÊ plantou 6 milhões de árvores na região. São 3 mil hectares, o equivalente a 3 mil campos de futebol.

Em 22 anos, ao menos 45 empresas apoiaram ou financiaram as ações do projeto, que busca restabelecer a conectividade entre duas UCs (Unidades de Conservação): o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-leão-preto, além de conectar essas UCS a fragmentos que estão dentro de propriedades privadas, seja de fazendeiros ou de assentados rurais. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido, uma vez que, segundo o instituto, o déficit de áreas que precisam ser restauradas é de 250 mil hectares.

O tripé clima, comunidade e biodiversidade orienta as ações do projeto, que fortalece a conservação de recursos hídricos, da fauna e da flora, e gera empregos, além de reduzir os efeitos das mudanças climáticas pela captação de carbono da atmosfera.

“De todos os apoios ou financiamentos que recebemos até esse momento, em 22 anos, as empresas respondem por 50%. Nos últimos anos, notamos que apoiar projetos que oferecem soluções integradas beneficiando comunidades, restabelecendo floresta e contribuindo com a redução dos efeitos das mudanças climáticas têm o potencial de ganhar ainda mais escala”, comenta Laury Cullen, pesquisador do IPÊ e coordenador do projeto "Corredores de Vida".

O IPÊ ressalta que parte significativa do apoio à restauração está relacionada à conservação do mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), uma espécie endêmica do Estado de São Paulo, que tem como principais desafios a perda de habitat e a fragmentação das áreas remanescentes.

Novos plantios

Nos próximos meses, o IPÊ receberá recursos financeiros da Plant for the Planet, fundação alemã, para restaurar 20 hectares de Mata Atlântica em Teodoro Sampaio. Na prática, o "Corredor de Vida", que integra o "Mapa dos Sonhos", localizado na face norte do Parque Estadual Morro do Diabo, ganhará mais 40 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica.

A boa notícia foi anunciada por Samantha Davalos, avaliadora de projetos na Plant for the Planet, durante visita ao IPÊ, na região do Pontal, na primeira quinzena de abril. Nesse período, ela pôde conhecer in loco os projetos de restauração florestal da região, principalmente uma área de três hectares, na fazenda Categeró, onde foram plantadas 6 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, em parceria anterior, com recursos da Plant for the Planet.

Segundo Samantha, a visita a campo lhe deu a possibilidade em conhecer todo o processo da restauração florestal, desde a produção de mudas nos viveiros comunitários até o plantio e manutenção das florestas plantadas que formam os "Corredores de Vida". “A ideia do Mapa dos Sonhos com a implantação dos corredores ecológicos para a conexão da biodiversidade é incrível. Fiquei maravilhada em ver pegadas de antas [Tapirus terrestris], que já estão utilizando os corredores para se locomoverem até os fragmentos de matas nativas”, disse.

Também chamou a atenção de Samantha a geração de emprego e renda na comunidade via restauração florestal. “Eu vi mulheres empoderadas liderando viveiros comunitários, como também sendo maioria junto aos colaboradores do empreendimento florestal”, afirmou.

A parceria entre IPÊ e Plant for the Planet teve início em 2021, quando os projetos de restauração florestal do instituto foram incluídos na plataforma virtual em que pessoas físicas e jurídicas podem acessar e doar dinheiro para o plantio de mudas nativas em 225 projetos espalhados pelo mundo, como Brasil, México, Colômbia, Costa Rica, Nicarágua, Equador, entre outros países beneficiados.

Samantha explicou que a proposta da fundação é plantar, a longo prazo, 1 trilhão de mudas de árvores nativas no mundo, sem avançar em áreas agrícolas, e, assim, capturar bilhões de toneladas de CO2, além de evitar a perda de espécies de plantas e animais que irão se abrigar nessas florestas plantadas e, ainda, melhorar a qualidade dos recursos hídricos.

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