O Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente, foi palco nesta sexta-feira do projeto “Desnaturalizando violências contra as mulheres”, desenvolvido pelo esforço de diversas instituições, dentre elas, a Defensoria Pública do Estado, representada pela defensora pública Giovana Devito, a um público multidisciplinar de profissionais de diversas áreas.
Segundo Giovana, o título do projeto se refere a condutas que são tão corriqueiras, tão naturalizadas, que as pessoas acabam entendendo como normais e não são. De acordo com ela, a referência é sobre um espectro de violências que às vezes não são identificadas, como, por exemplo, nas relações abusivas, tóxicas, onde o homem acaba controlando o modo como a mulher se veste, como se expressa, como gasta o seu dinheiro. “Enfim, tem uma série de dispositivos de controle, que são na verdade consequências de uma educação patriarcal, que causam muitas vezes na mulher uma dor psíquica e ela não percebe pelo fato de não ser uma violência/agressão física, entendendo assim como algo normal. Como se fizesse parte das relações”, explica a defensora.
Além disso, Giovana destaca que ocorrem outras violências em vários espaços que pelo menos por muito tempo foram tidas como naturais. Por exemplo, quando a mulher anda pela rua e mexem com ela, e para aquele tal atitude não passa de uma paquera, contudo, para a mulher, muitas vezes, é um constrangimento e gera medo, principalmente quando ocorrem comentários que geram conotações sexuais.
“Como se isso fizesse parte mesmo da conduta masculina. Claro que isso tudo já teve um avanço, mas dependendo do local ainda é forte essa ausência de percepção da violência em sentido amplo. Acabam observando a violência só no aspecto da agressão física e não propriamente da psíquica, moral, patrimonial. E é isso que a gente quer desnaturalizar com esse projeto”, ressalta a defensora.
“O silêncio dos homens"
Conforme Giovana, o objetivo de ter passado o documentário “O silêncio dos homens” ao público foi para que todos no local pudessem refletir sobre as masculinidades, as estereotipias que são passadas de geração para geração no que se refere ao “ser homem”. Além disso, segundo ela, o documentário deu o tom, um start a um início de diálogo para a reativação de uma política muito importante, que é o retorno de funcionamento do NAH (Núcleo de Atenção ao Homem), que funcionava em Prudente e parou.
“Buscar que esse trabalho retorne, mas como política pública propriamente, e não apenas como um trabalho voluntário que corre o risco sempre de ser interrompido. E é um trabalho de extrema importância”, considera.
Segundo a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), o Núcleo de Atenção ao Homem que era mantido por uma ONG (organização não governamental), associação de saúde, trabalho, meio ambiente e educação, foi desativado em dezembro de 2018.
Os dados foram apresentados pelo psicólogo e pesquisador da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Edson Marcelo, em conjunto com Carolina Russo Simon, professora e doutoranda da universidade, também integrante da Frente pela Vida das Mulheres.
Ao longo do mês de julho, três rodas de conversa do projeto já foram realizadas, em Narandiba, Presidente Epitácio e Rancharia.
* Defensoria Pública do Estado de São Paulo
* OAB 29ª Subseção Presidente Prudente (SP), Comissão de Defesa das Vítimas de Violência Doméstica e Crimes Sexuais da OAB/SP, Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP
* Ministério Público do Estado De São Paulo
* Ministério Público do Trabalho
* TRE-SP, 402ª Zona Eleitoral De São Paulo Em Presidente Prudente
* DDM (Delegacia de Defesa da Mulher de Presidente Prudente)
* Polícia Militar
* Secretaria de Assistência Social de Presidente Prudente
* Instituições de ensino superior: Unesp (Universidade Estadual Paulista), Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), Toledo Prudente e outras
* OSC O Amor É A Resposta
* Sintrapp (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Presidente Prudente e Região)
* Rede Mulher, Frente Pela Vida das Mulheres, Promotoras Legais Populares de Presidente Prudente
* Astae (Associação De Saúde, Trabalho, Meio Ambiente E Educação)
*Toledo Prudente
*Drads, Poder Judiciário, vereadoras e prefeito estiveram presentes, Conselho Tutelar
