Em tempos de deslocamentos forçados, crises humanitárias e muros — físicos e simbólicos — erguidos ao redor do mundo, iniciativas que estendem as mãos e abrem portas ganham um valor inestimável. Em Presidente Prudente, um exemplo comovente dessa postura humanitária é o Projeto Semear, desenvolvido desde 2020 pela 2ª Igreja Nova Jerusalém. Nasceu em meio à pandemia, quando o mundo fechava as fronteiras, mas este projeto escolheu abrir o coração.
O Semear oferece muito mais que ajuda material — oferece dignidade. Atende atualmente 82 famílias de imigrantes e refugiados, que encontraram em suas atividades não apenas apoio prático, mas também uma oportunidade de recomeço. Esses irmãos, vindos de situações frequentemente marcadas por guerra, fome, perseguições políticas ou crises econômicas profundas, chegam ao Brasil carregando não apenas malas — muitas vezes vazias — mas também traumas, medos e expectativas. Em solo estrangeiro, enfrentam barreiras culturais, linguísticas e estruturais. É nesse contexto que o Projeto Semear se mostra essencial.
A atuação é ampla e integrada. O projeto oferece alimentação, aulas de português, atividades culturais, oficinas de empreendedorismo, culinária, artesanato e informática. Vai além: promove atendimento jurídico, psicológico e médico, e busca inserir essas pessoas no mercado de trabalho, com ações de mediação e apoio.
A escolha do nome “Semear” não poderia ser mais simbólica. Afinal, trata-se de semear esperança onde a dor muitas vezes deixou um solo árido. É plantar oportunidades em um terreno fértil de sonhos represados. É cuidar para que a colheita futura seja de cidadania, inclusão e autonomia. Em um cenário nacional em que políticas públicas voltadas para imigrantes e refugiados ainda são insuficientes ou mal distribuídas, projetos como este são faróis que iluminam caminhos. E nos lembram do papel vital da sociedade civil organizada, das comunidades de fé e da empatia como motor de transformação.
O Semear não apenas acolhe — integra. Não apenas doa — capacita. Não apenas ensina — escuta. E, com isso, cumpre um papel que ultrapassa os muros da igreja e alcança toda a cidade: o de construir pontes entre culturas, restaurar a dignidade humana e cultivar o amor ao próximo em sua forma mais prática.
Que mais sementes como esta encontrem solo fértil em outras cidades. E que os frutos colhidos inspirem um país mais justo, acolhedor e comprometido com os que mais precisam.