Uma transportadora sediada em Martinópolis e com representantes em Presidente Prudente era responsável pelo transporte de grandes quantidades de cocaína que entravam no Brasil, por meio da fronteira entre a cidade de Puerto Quijaro, na Bolívia, e Corumbá (MS), seguiam pelo Mato Grosso do Sul passando pelo interior de São Paulo, até a região de Vinhedo (SP), onde funcionava um entreposto e de onde a droga seguia até o porto de Santos. Por fim, a cocaína era transportada até a Europa, que era seu destino final.
Veículos tinham fundos falsos para transportar entorpecente
A organização criminosa internacional de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, cujo "braço do transporte" funcionava nas duas cidades da região, foi desmantelada por uma operação deflagrada ontem pela Polícia Federal. Denominada Operação Quijarro, a ação cumpriu um mandado de prisão, um de condução coercitiva e um de busca e apreensão em Prudente e outros quatro mandados de prisão e cinco de busca e apreensão em Martinópolis.
Um suspeito continua foragido em Prudente e outro na capital paulista. Estes foram os únicos mandados de prisão preventiva que não foram cumpridos, de um total de 81 mandados judiciais que foram levados a cabo durante a operação.
Tráfico internacional
Além de contar com núcleos em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, o grupo atuava também no Paraná e a operação foi sediada na Delegacia da Polícia Federal de Londrina. De acordo com o Setor de Comunicação da unidade, as investigações começaram em janeiro de 2015 e o grupo contava com ramificações no Brasil, na Bolívia, na Colômbia e também na Espanha.
Cerca de 150 policiais federais participaram da ação, que ocorreu em cooperação internacional com a polícia boliviana e levou à prisão dos traficantes mais procurados daquele país, responsáveis pelo ingresso de duas toneladas de cocaína por mês no Brasil.
Segundo os policiais, a cocaína era transportada em caminhões e carretas com fundos falsos especialmente preparados para o transporte da droga, utilizando-se da simulação de cargas lícitas para driblar a fiscalização, bem como de motoristas que já tinham conhecimento de que transportavam a substância entorpecente. A adaptação dos veículos para o transporte era feita na região de Prudente.
Durante os trabalhos, mais de três toneladas de cocaína foram apreendidas, além de cerca de US$ 10 milhões sequestrados do núcleo boliviano do grupo. Além disso, foram sequestrados, até ontem, sete imóveis no Brasil e bloqueadas diversas contas bancárias dos investigados.
Os presos responderão por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico, falsificação de documentos públicos e privados, furto, roubo, homicídio e organização criminosa, com penas somadas que passam de 20 anos de prisão.
