Qual o futuro da Associação Prudentina de Esportes Atléticos?

OPINIÃO - NORMA SUELI PADILHA

Data 05/07/2023
Horário 03:33

Meu pai comprou título de sócio da Apea na década de 50, quando só havia o campo de futebol onde o Pelé jogou, e acompanhou a construção de toda a estrutura do clube. Ele sempre teve muito orgulho de ser um sócio que participou de toda a história da Prudentina. Este clube sempre foi muito especial para toda nossa família, e acolheu nossas atividades sociais e culturais, local predileto de lazer e prática de esporte, e que abriga boa parte de nossas lembranças da infância e juventude. 

Meu pai foi campeão estadual de bocha e nadava todas as manhãs na piscina central, meus irmãos foram nadadores profissionais, e um deles campeão brasileiro de natação, com recorde sul-americano, conquistado nas piscinas da Apea. Minha mãe foi diretora da sauna e frequenta o balneário até hoje com suas amigas da melhor idade. Importante registrar estas pequenas memórias de um clube tão querido que faz parte da história de tantas famílias prudentinas, razão pela qual estamos engajados na luta pela sua continuidade e a manutenção de sua finalidade específica – um CLUBE RECREATIVO.

Meu pai já dizia há quase duas décadas, pouco antes de seu falecimento, que era preciso renovar o Conselho da Apea, pois eram pessoas que estavam ali há décadas, era preciso haver renovação da Diretoria, pessoas diferentes tinham que assumir para novas propostas, ideias e projetos para os novos tempos do clube.

Não haverá futuro para o clube em uma gestão que permanece estática e omissa quanto à renovação e investimento na manutenção dos equipamentos essenciais para a sua finalidade recreativa e esportiva. Não haverá futuro sem transparência na prestação de contas do passado. Não haverá futuro concentrando-se, por alterações estatutárias, praticamente todo o poder de decisão ao pequeno grupo que compõe o Conselho e, que não se renova, nem por eleições, pouco divulgadas e com chapas previamente montadas por eles mesmos. Não haverá futuro negando-se o direito básico de informação e participação dos sócios, proibindo-se sequer a abertura para novos títulos patrimoniais e o direito de comunicação sobre as decisões que colocam em risco a própria continuidade do clube. Não haverá futuro para a Apea se cair nas mãos do setor imobiliário, apenas pelo atrativo do valor de seu imóvel, em detrimento do seu verdadeiro valor e que está guardado no coração de tantos prudentinos, como patrimônio histórico, cultural e desportivo desta cidade.

Motivados por esta causa justa é que um grupo de sócios, aos quais foi negada pela atual direção do clube, até mesmo uma lista geral dos nomes que compõem o atual quadro, se uniram para exigir transparência, prestação de contas, e oportunidade de vez e de voto, e provocaram a reação que impediu a decisão absurda de aterramento imediato da piscina, sem qualquer divulgação de projeto ou dados financeiros, e sem publicização de Assembleia convocada com tal pauta fatalística para a continuidade do clube.

O futuro da Apea depende da mudança na gestão, que seja participativa, transparente e democrática, e devolva aos sócios atuais os seus direitos de informação, participação e decisão, e permitam novos sócios e novos projetos, e que as responsabilidades dos que causaram a situação de emergência que ora alegam, seja assumida pelos que a provocaram, em respeito às regras estatutárias e jurídicas, e que permitam uma transição de poder, com respeito ao procedimento, lisura nas regras, e honestidade nas propostas, afinal, trata-se não de patrimônio de poucos, mas de muitos, dentre os quais, um dos mais antigos e respeitados atletas master de natação mundial, que vestindo a camisa da Prudentina, clube que sempre representou em tantos competições nacionais e internacionais, do alto de sua sabedoria e longevidade, o querido professor EURO DE OLIVEIRA MELLO, mandou seu recado aos gestores: “amo a Apea e quero lutar para que ela continue viva”.

O futuro da Apea depende da real intenção que move os que nela hoje detém, por força do estatuto que eles próprios alteraram se dando poder excessivo, se irão permitir ou não que chegue o tempo da RENOVAÇÃO, e se os atuais sócios poderão ter DIREITO DE PARTICIPAÇÃO efetivo nas decisões que afetam o destino do clube, e se autoridades da cidade se posicionarão em defesa deste patrimônio histórico, cultural, social e desportivo. Eis o que está colocado para decidir qual será o legado das futuras gerações de prudentinos.

Presidente Prudente, 4 de julho de 2023 .

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