Quantidade de droga apreendida em estradas da região de Prudente aumenta 34,61%

Em 2018, Polícia Militar Rodoviária recolheu na região 17.426 toneladas de entorpecentes, número maior que o de 2017, quando foram retiradas 12.945,6 t

REGIÃO - ROBERTO KAWASAKI

Data 12/04/2019
Horário 04:00
José Reis - Tenente Daniel  Bombonati Martins Viana diz que região é eixo do tráfico de drogas
José Reis - Tenente Daniel Bombonati Martins Viana diz que região é eixo do tráfico de drogas

Semanalmente, este diário noticia diversas apreensões por tráfico de drogas decorrentes de flagrantes efetuados pela Polícia Militar Rodoviária, na região de Presidente Prudente. De acordo com o balanço dos últimos dois anos fornecidos pela 2ª Companhia do 2º Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, a pesagem final dos entorpecentes apreendidos durante as ocorrências cresceu 34,61%. Isso porque em 2017 o policiamento recolheu aproximadamente 12.945,6 toneladas de drogas, número que aumentou em 2018 para 17.426 toneladas. Dentre os tipos mais comuns está a maconha, cocaína, pasta base e crack. Na contramão deste valor, a quantidade de flagrantes continuou estável, uma vez que diminuiu de 134 para 132 entre os dois anos.

Para o tenente PM Daniel Bombonati Martins Viana, o aumento considerável no total de drogas apreendidas tem relação com “grandes apreensões” ocorridas no ano passado. “Diuturnamente, estamos batendo no tráfico de drogas, especialmente, com o apoio do TOR [Tático Ostensivo Rodoviário]. Consequentemente, os números repercutiram e muitas vidas foram salvas, pois se pegarmos 17 toneladas e transformarmos em porções de cada 2 gramas resultam em muitos invólucros que acabariam atrapalhando muitas famílias”, salienta Daniel. Ainda, de acordo com o tenente, por meio do trabalho das equipes os números também repercutiram no cenário estadual.

“A nossa companhia tem trabalhado no combate ao tráfico de drogas. De toda a droga apreendida no Estado de São Paulo, o nosso batalhão, que engloba regiões de Araçatuba, Bauru, Assis e Prudente, foi responsável por 60% do total apreendido. Dentro do batalhão, a nossa companhia foi responsável por 40%. Então, na proporção do Estado temos contribuído muito”, afirma o tenente. E este número considerável de flagrantes ocorre constantemente pelo fato de que a rodovias regionais são eixos que cruzam fronteiras, o que facilita a ação dos criminosos que almejam traficar os produtos. Em específico, aos que saem do Paraguai e Bolívia.

“A nossa rodovia é utilizada para escoamento de mercadorias [de empresas] com grande fluxo para capitais. Mas, também temos a plena convicção de que a rota é utilizada por contrabandistas e traficantes, bem como para outras séries de crimes”, explica Daniel. Desta forma, os policiais intensificam a fiscalização em ônibus intere6staduais e veículos como carros, caminhões e caminhonetes que podem levar entorpecentes ocultamente.

Pontos estratégicos

E para que os flagrantes não passem despercebidos, a Polícia Militar Rodoviária possui informações sigilosas sobre os principais pontos para fiscalização. “Os nossos policiais sabem onde [os traficantes] podem passar, qual a rota mais utilizada por eles, as características observadas de imediato, como comportamento e veículo”, salienta. “Antigamente, tínhamos o perfil do criminoso, hoje, o tráfico não tem cara. Prendemos adolescentes, idosos que se dizem religiosos, gestantes, e pessoas de diversas funções públicas”.

 

TRÁFICO INTERNACIONAL

Contratações têm valores fixos de até R$ 2 mil

Pessoas com baixos poderes aquisitivos e que apresentem perfil vulnerável. Esta é a característica que os “chefões do tráfico” buscam no momento de contratar indivíduos para efetuarem o transporte internacional dos entorpecentes. E este serviço criminoso promete aos contratantes o recebimento de valores fixos que variam entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, sendo que na hierarquia da organização criminosa, tais pessoas são consideradas a parte de baixo do “negócio”. Nas ocorrências de tráfico internacional de drogas atendidas pela Polícia Federal em Presidente Prudente, é comum encontrar flagrantes com diversas características, envolvendo pessoas de diferentes funções, nacionalidades e idades.

“A Polícia Federal apura casos que configuram o tráfico internacional e, geralmente, detém pessoas que saem de países vizinhos e acabam entrando no Brasil. Pelo fato de possuírem baixo poder aquisitivo, acabam se submetendo ao serviço pelo valor prometido”, explica o delegado de Polícia Federal, Daniel Coraça Junior, chefe da delegacia em Prudente. De acordo com a autoridade, “é muito raro” que os detidos, muitas vezes estrangeiros, falem sobre o contratante, que seria o “patrão” nesta situação. “Eles têm medo de que, eventualmente, ao final do cumprimento da pena estabelecida, sofram alguma retaliação. Além do mais, o receio também está dentro do sistema carcerário, uma vez que ao passar informações durante o depoimento podem ser chamados de ‘cagueta’ [termo informal que denomina pessoa que denuncia outra]”, pontua o delegado.

Trabalho de investigação

Após o depoimento prestado na delegacia, o acusado é submetido à audiência de custódia, procedimento instaurado quando a pessoa é presa em flagrante por algum delito. Dentro de uma sala restrita a acusados e autoridades, o juiz responsável tem por objetivo analisar a legalidade da prisão e avaliar se a parte responderá ao processo em liberdade ou cárcere. Segundo Daniel, em situações que envolvem o tráfico de drogas, na maioria das ocorrências o índice de que a prisão provisória seja mantida “é alto”.

Enquanto a acusação permanecer em cárcere, o trabalho da Polícia Federal continua. Depois de recolhidas informações sobre possíveis origens do tráfico, os agentes iniciam o processo de investigação criminal. “A Delegacia de Prudente não trabalha sozinha. Para tanto, conta com o auxílio das delegacias de outras cidades do Estado de São Paulo para que haja a troca de informações, o que amplia o espectro da investigação”, salienta. Desta forma, busca-se obter “resultados efetivos” por meio do flagrante.

Foto: Roberto Kawasaki

Jornal O Imparcial

Delegado Daniel, da Polícia Federal, atende a casos de tráfico internacional de drogas

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