Quanto custa um cidadão?

OPINIÃO - Wilson Roberto Lussari

Data 13/01/2022
Horário 05:00

Entre os maiores desafios do século 21 na gestão pública, um está dando muita dor de cabeça aos gestores: como ser eficiente e ser reconhecido como tal pela sociedade? Pergunta difícil, que pode levar a muitas respostas, todas certas e muitas erradas ao mesmo tempo.
O problema da gestão pública é que depende de movimentos sociais, demandas diversas, muitas das quais conflitantes, e, no meio disso tudo, a necessidade de acertar, ou de causar o menor estrago possível.
O Estado tem sua justificativa na medida em que a sociedade ficava mais complexa e demandava organização mais apurada, para benefício de todos. Modelo de organização que resiste até hoje.
Entretanto, os avanços tecnológicos e sociais dos séculos 20 e 21 proporcionaram um Estado com novas atribuições, sem esvaziar e/ou substituir outras. Na era digital, tende a digitalizar a burocracia, já que o modelo resiste.
Assim, o Estado sofre desgaste e necessita ser reinventado, pois custa caro pelo resultado produzido. É essencialmente uma atividade meio. Por ser concentrador da riqueza da nação, via arrecadação de impostos, sofre ainda diferentes problemas: corrupção, tráfico de influência, desvios, má gestão, gestores inadequados, ingerência política.
Para o cidadão comum, que seria o principal beneficiário de um Estado moderno e eficiente, fica a sensação amarga de que está só. Pior, tem de pagar uma conta, da qual vê um mísero retorno. Assim, o pior cenário se configura: na sociedade hiperconectada o cidadão dá as costas ao Estado.
Para alguns entendimentos, o cidadão pertence ao Estado, para outros, pertence ao partido, para outros o Estado pertence ao cidadão, pois é a ele que o Estado se presta.
Então, a questão não é mais perguntar quanto o Estado custa para o cidadão, mas quanto o cidadão custa para o Estado? E esta resposta é fácil: o cidadão paga com a vida, figurada e literal, seja trabalhando para gerar impostos, deixando parte de sua vida produtiva para o Estado, seja morrendo de exaustão, esquecido como material inerte, mera estatística no meio de tantas outras.
 

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