Quatro trabalhadores são resgatados em condição análoga à escravidão em Alfredo Marcondes

Empresa de extração de eucalipto mantinha vítimas em situações degradantes de trabalho; cenário mais grave foi encontrado nos alojamentos

REGIÃO - CAIO GERVAZONI

Data 24/03/2022
Horário 14:43
Foto: MPT
Trabalhadores pernoitavam em barracas de lona plástica abertas
Trabalhadores pernoitavam em barracas de lona plástica abertas

Uma ação conjunta do GEFM (Grupo Especial de Fiscalização Móvel) do Ministério do Trabalho e Previdência, com o MPT (Ministério Público do Trabalho) e a Polícia Federal, resgatou quatro trabalhadores em condições análogas à escravidão em Alfredo Marcondes

De acordo com o MPT, a operação ocorreu na quinta-feira passada em uma empresa de extração de eucalipto e constatou diversas condições degradantes de trabalho. A situação mais grave foi encontrada nos alojamentos, onde os trabalhadores, residentes de municípios vizinhos, passavam a semana no local executando as atividades de extração de eucalipto e, neste período, pernoitavam em barracas de lona plástica abertas, desprovidas de portas e janelas, expondo-os às intempéries e ao risco de contato com animais peçonhentos. 

Segundo o órgão, também foi constatado o não fornecimento de equipamentos de proteção individual compatíveis com os riscos ocupacionais da atividade, falta de treinamento na operação de motosserras e de máquinas agrícolas e a não disponibilização de material de primeiros socorros, dentre outras. 

Condição precária

A condição precária dos alojamentos chamou a atenção da equipe de inspeção: os colchões, instalados sobre pneus e caixas, acumulavam sujeira e não havia roupa de cama. O botijão de gás utilizado pelos trabalhadores para acender o fogão estava instalado dentro do alojamento, gerando riscos de incêndio e intoxicação.

Foto: MPT - Botijão de gás utilizado pelos trabalhadores para acender o fogão estava instalado dentro do alojamento, gerando riscos de incêndio e intoxicação

Não havia armários, de forma que as roupas e demais pertences eram acondicionados no chão, além de instalações elétricas precárias, com partes energizadas expostas, aumentando o risco de choque elétrico e incêndio. 

Acordo com empregador

O MPT celebrou um TAC (termo de ajuste de conduta) com o empregador, pelo qual o signatário se comprometeu a adotar todas as medidas para manter um meio ambiente de trabalho hígido e seguro, a manter alojamentos em condições dignas, segundo as normas vigentes e a observar todo o leque de obrigações no que diz respeito à formalização de contratos e pagamento salarial de acordo com a lei.

O empregador também terá que pagar as verbas rescisórias devidas aos trabalhadores prejudicados, bem como uma indenização por danos morais individuais de R$ 2.500 para cada um. Todos as vítimas tinham registro em carteira de trabalho e recebiam salários por produtividade

O TAC também prevê o pagamento de indenização por danos morais coletivos de R$ 9.990,22, sendo R$ 6.400 em favor da Associação do Asilo Vicentino Nossa Senhora da Penha de Pirapozinho, e R$ 3.590,22 em favor da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Presidente Prudente.

Os trabalhadores já receberam os pagamentos das verbas trabalhistas devidas nesta quarta-feira. O cumprimento integral do TAC será fiscalizado pelos auditores fiscais do trabalho e pelo MPT. A multa por descumprimento das obrigações é de R$ 1.000 por item infringido, multiplicada por R$ 500 por trabalhador prejudicado.

Foto: MPT - Trabalhadores não recebiam equipamentos de proteção individual compatíveis com os riscos ocupacionais da atividade

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