Há mais de um mês, Presidente Prudente enfrenta uma situação que expõe a urgência de uma reflexão sobre o descarte irregular de resíduos e suas consequências: o incêndio subterrâneo em um aterro clandestino localizado no Parque Furquim. O episódio, que voltou a preocupar moradores nesta semana, demonstra como a negligência ambiental pode rapidamente se transformar em problema de saúde pública e segurança coletiva.
Após as chuvas que atingiram a cidade na quarta-feira, equipes da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros retornaram ao local para monitorar a situação. A precipitação, embora tenha amenizado as chamas, provocou nova liberação de vapores e intensificou o odor que há dias incomoda a população da região. O desconforto foi tamanho que levou a Seduc (Secretaria Municipal de Educação) a suspender as aulas da Escola Municipal Maria Haddad Haidamus nesta quinta-feira, priorizando a saúde dos alunos e profissionais da unidade.
O incêndio, de origem subterrânea, é resultado de um depósito irregular de resíduos orgânicos e inflamáveis, que seguem queimando mesmo soterrados. De acordo com a Prefeitura, mais de 1 milhão de litros de água já foram utilizados no combate, em uma operação complexa que inclui a abertura de valas para injetar água diretamente no subsolo, técnica que tem contribuído para reduzir gradualmente a emissão de fumaça.
Os dados mais recentes, obtidos com scanner térmico, apontam que o solo, que chegou a registrar quase 200°C, agora apresenta temperatura de 41°C, um sinal de que o trabalho contínuo das equipes tem surtido efeito. Mesmo assim, o episódio deixa evidente a dimensão dos danos causados pelo descarte clandestino de lixo, prática ainda recorrente em diversas áreas do município.
As queimadas no aterro clandestino do Parque Furquim revelam um desafio estrutural: a necessidade de fortalecer a fiscalização ambiental, investir em políticas públicas de destinação correta de resíduos e ampliar a conscientização da população sobre os impactos do lixo descartado de forma irregular.
Presidente Prudente tem avançado em projetos ambientais e de sustentabilidade, mas situações como essa demonstram que ainda há um longo caminho a percorrer. O combate ao incêndio é urgente, mas a prevenção deve ser permanente. Somente com responsabilidade compartilhada entre poder público e sociedade será possível evitar que o fogo subterrâneo de hoje se transforme na fumaça de amanhã.
