Radioterapia segue sem prazo para implantação

PRUDENTE - Jean Ramalho

Data 19/04/2016
Horário 10:30
Anunciada pelo Ministério da Saúde em meados de 2012, a implantação do serviço de Radioterapia no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente, ainda não tem prazo para ser concluída. De acordo com a pasta, o Plano de Expansão da Radioterapia, que prevê a instalação do aparelho, chamado acelerador linear, além da construção do bunker (espaço destinado ao acelerador) no local, "está em fase de reanálise do projeto básico de arquitetura". Enquanto isso, a cidade atende uma demanda diária de pelo menos 90 pacientes, distribuídos entre o Hospital Regional do Câncer e o Instituto de Radioterapia.

Jornal O Imparcial Por enquanto, HR dispõe de serviço de quimioterapia

O Plano de Expansão da Radioterapia previa a instalação de mais 80 aceleradores lineares em todo o país, incluindo a construção dos bunkers. Além disso, o projeto vislumbrava a transferência de tecnologia e instalação da fábrica de aceleradores lineares no Brasil. Contudo, praticamente quatro anos após o lançamento do projeto, nenhum dos novos aparelhos previstos para ofertar o serviço a pacientes com câncer está funcionando.

Em todo o Estado de São Paulo, seriam entregues 19 equipamentos, que beneficiariam pelo menos 15 municípios paulistas. Um dos escolhidos foi o Hospital Regional de Prudente. Entretanto, a instituição informa, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que ainda aguarda a instalação do serviço de radioterapia por parte do Ministério da Saúde e que não há previsão oficial de início das obras. Segundo o hospital, o projeto anunciado pelo governo "compreende a construção de espaço físico e a entrega dos equipamentos". Sendo assim, o HR ficaria "responsável apenas por fornecer os recursos humanos".

Atualmente, ainda de acordo com a assessoria do hospital, o serviço de oncologia da unidade dispõe apenas do serviço de quimioterapia. São 12 leitos para quimioterapia com internação, reservados aos pacientes que necessitam permanecer no local por pelo menos 48 horas. Além disso, outras nove poltronas servem para quimioterapia ambulatorial, "em que a pessoa recebe a medicação e é liberada".

 

Oferta e demanda


Na ausência do serviço que poderia estar sendo prestado pelo HR, o Hospital Regional do Câncer e o Instituto de Radioterapia de Prudente se dividem na atenção aos pacientes com câncer da cidade e região. No primeiro deles, conforme o presidente José Hilário Pasquini, 20 pessoas são atendidas diariamente, de maneira gratuita. O serviço de radioterapia é executado desde 6 de outubro no local, por meio de um aparelho fornecido pelo governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde.

Ainda segundo o presidente, o mesmo aparelho tem capacidade para realizar até 60 atendimentos diários. No entanto, como o hospital ainda não obteve o credenciamento junto ao SUS (Sistema Único da Saúde), o serviço é realizado apenas por meio de recursos próprios, doações, ou angariados junto a órgãos públicos ou privados. Ainda assim, José Hilário afirma que o setor de radioterapia passará a funcionar nos períodos da manhã e da tarde a partir do mês de maio, o que deverá resultar em uma média de 40 atendimentos diários.

"Já entramos com o pedido de credenciamento junto ao SUS, mas ainda não tivemos resposta. Com esse dinheiro poderíamos expandir a radioterapia no hospital e começar a atender em outros setores, como a quimioterapia, entre outros serviços", comenta o presidente.

 

Atendimento SUS


No Instituto de Radioterapia, único da cidade que atende pelo SUS, dois aparelhos atendem diariamente aproximadamente 70 pacientes pela rede pública, além de outros dez conveniados, de acordo com o proprietário, Roberto de Arruda Almeida. Ainda assim, ele acredita que a demanda de atendimentos está sendo suprida na cidade. "A oferta está compreendendo a demanda com sobras. Acredito que Prudente seja uma cidade privilegiada, pois a quantidade de aparelhos que temos atualmente é suficiente para atender todos os pacientes, coisa que não acontece em outros municípios", considera.

Opinião parecida da voluntária da Fundação Amigas do Peito, Sônia Elisabeth Faustino de Matos. Segundo ela, apesar disso, mesmo com a demanda de pacientes bem compreendida, um novo aparelho no HR poderia reduzir o tempo de espera nas filas. "Prudente está bem amparado de radioterapia, não temos muitos problemas. Mas, se tivéssemos mais aparelhos, poderíamos diminuir o tempo de espera das pessoas", relata.

Em contrapartida, o presidente da AAPC (Associação de Apoio ao Portador de Câncer), Artur Baratela, acredita que a cidade "tem sim carência de mais equipamentos e que a instalação do serviço no HR poderia vir ao encontro desta necessidade", pontua.

 

SAIBA MAIS


ACELERADOR LINEAR


De acordo com o Ministério da Saúde, os aceleradores lineares previstos no Plano de Expansão da Radioterapia são equipamentos de "altíssima complexidade tecnológica e não podem ser instalados sem as devidas adequações". Ainda conforme a pasta, as instalações exigem espaço físico com características peculiares e distintas das construções tradicionais de estabelecimentos e unidades de saúde, uma vez que envolve, por exemplo, sistemas de climatização específicos, refrigeração da água, sistema elétrico e espessura das paredes. "Os equipamentos somente são fabricados, importados e efetivamente pagos quando as obras dos bunkers estão prontas para recebê-los", ressalta.
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