Raridade digna de museu, é o Bar da  Dona Helena Weller

EC Fluvial Tibiriçá traz relato da professora Gerda Weller Corrêa, sobre sua mãe, no livro “História de Presidente Epitácio - Volume 2

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 01/03/2022
Horário 07:30
Foto: Acervo família Weller
Em 1946 era inaugurado o Bar, Restaurante Sorveteria Nova da dona Helena
Em 1946 era inaugurado o Bar, Restaurante Sorveteria Nova da dona Helena

Raridade digna de museu, museu que a estância turística de Presidente Epitácio não tem, infelizmente. Foto do interior do Bar da Dona Helena Weller, o histórico Bar, Restaurante e Sorveteria Nova, a primeira sorveteria de Epitácio e, por muito tempo, foi o ponto de encontro dos epitacianos de todas as idades. Em dias atuais, seria a “rede social” da época.
Curiosidade: O interior deste estabelecimento ainda preserva suas características originais. O EC Fluvial Tibiriçá, que está no Facebook, teve acesso exclusivo a ele e, em breve, vai publicar fotos inéditas, também dignas de museu.
Conheça a história de Helena Weller, e consequentemente do “Bar da Dona Helena”, neste notável relato feito pela saudosa professora Gerda Weller Corrêa, sua filha. Registro feito pelo historiador, advogado e jornalista Benedito de Godoy Moroni, no livro “História de Presidente Epitácio - Volume 2”, páginas 445, 446 e 447.
“O Bar, Restaurante e Sorveteria Nova era o ponto de encontro dos moradores de Epitácio, de todas as idades. Havia a mesa de sinuca, ponto de encontro dos comandantes e marinheiros do Rio Paraná. As crianças e jovens deliciavam-se com os sorvetes, e em especial o ‘salada de frutas’, servido no balcão. Já fazendeiros, viajantes, profissionais liberais, peões e chefes de comitiva iam ao estabelecimento à procura da famosa peixada, servida no reservado. A todos, minha mãe, Helena Weller, atendia com atenção e carinho”.
A história dela, nascida Helena Schneidewind em Itapeva, em 24 de agosto de 1917, filha de Alberto Schneidewind e Ana Maria Schneidewind, é toda movimentada. Com o falecimento de sua mãe, o pai mudou-se para a Alemanha em 1924. Depois retornou ao Brasil, morando em Santo Anastácio, Presidente Bernardes, Caiuá e, finalmente, em 1935, chega a Epitácio. Aqui comprou a Padaria Paulista. A firma estava localizada em prédio de madeira, na Rua São Paulo, quadra um. 
Algum tempo depois, meu avô, Alberto, retorna a São Paulo. Minha mãe, em 1938 casa-se com Paulo Weller, indo residir na Chave Madeiral, onde nascem os filhos Gerda, Paulo e Oscar. Lá estabeleceram-se com açougue, loja de armarinhos e botequim. Em 1945 meu pai, Paulo Weller, vem a Epitácio para construir um estabelecimento comercial que seria, ao mesmo tempo, restaurante, sorveteria e bar. Em 1946 era inaugurado o Bar, Restaurante Sorveteria Nova, à Rua Belo Horizonte 1-85. Aqui nasceu o quarto filho do casal, Walter. A travessia do Rio Paraná entre os Estados de São Paulo e de Mato Grosso era feito por balsa e o movimento do restaurante era intenso, com filas enormes de caminhões, carros, camionetas e cavalos que traziam pessoas das mais diversas regiões. O bar, inicialmente, cercado de matos e de picadas abertas nas capoeiras, servia cerveja vinda de São Paulo pela Estrada de Ferro Sorocabana. Frutas e petiscos eram encontrados nesse bar, trazidos até da Argentina.
O movimento desse tempo era concentrado na Rua São Paulo. Na esquina da Rua São Paulo com Presidente Vargas, quadra um, funcionava o Bar da Dorvalina ou Bar da Dudu. A Prefeitura funcionava em um prédio de madeira na esquina da Avenida Presidente Vargas com a Rua Porto Alegre. Em um terreno baldio da quadra Dois da Rua Porto Alegre, quase no meio da quadra, foi construído o Cine Jubran. Pela avenida, ao lado da Prefeitura, existiam: o Correio, dirigido pela agente Rosa Leal Azevedo, em seguida a delegacia e cadeia no mesmo prédio. O jardim da praça era pequeno e a primeira capela lá construída era de alvenaria. 
Quando aviões desciam em Epitácio, antes davam um sinal passavam por sobre a cidade e meu pai, Paulo Weller, ia até o campo de pouso para trazer os passageiros. Já em 1946 o Zé do Burro fazia frete para o bar e sorveteria. Minha mãe lembrava-se dos motoristas de jardineira de 1946 em diante, entre eles Firmino Correia e Belarmino. As peixadas eram normalmente feitas com peixes fornecidos por Agenor Noronha. Era dessa época o Clube do Coqueiro, um prédio de madeira na altura da quadra quatro da Rua Maceió. Ali eram realizados bailes, festejos carnavalescos e outros eventos.

Encerramento do restaurante

Com a construção da ponte Maurício Joppert da Silva muitos viajantes não adentravam a cidade, diminuindo sensivelmente o movimento do bar. Minha mãe encerrou o restaurante, não mais servindo peixada, ficando somente como bar e sorveteria, sendo somente ela quem fazia os sorvetes. Viúva em 1950, continuou seu trabalho no bar, vindo a casar-se novamente em 1964 com José Rodrigues Barbosa, que faleceu em maio de 1980.
Nos anos 90, encerrou definitivamente as atividades do estabelecimento, pressionada pela família, pois se dependesse dela não pararia. Faleceu em 1º de dezembro de 2000, sendo sepultada no Horto da lgualdade.

Publicidade

Veja também