Reforma em praça divide opinião de moradores

Denominada Getúlio Vargas, área integra o patrimônio arquitetônico do município desde as primeiras décadas do século passado

REGIÃO - JEAN RAMALHO

Data 03/09/2016
Horário 08:32
 

A reforma para revitalização e modernização de uma praça localizada na entrada principal de Álvares Machado gerou comoção e dividiu a opinião dos moradores da cidade. Denominada Praça Getúlio Vargas, a área integra o patrimônio arquitetônico do município desde as primeiras décadas do século passado. Por isso, entre aqueles que reprovam a reforma, a alegação é que toda história e memória da cidade passam pelo local, portanto, alterá-la poderia apagar este legado. Por outro lado, há também aqueles que legitimam a intervenção, sob o pretexto de que o lugar ganhará uma nova roupagem.

Jornal O Imparcial Obra é resultado de TAC entre Prefeitura, MPE e uma empreiteira, no valor de R$ 100 mil

A reestruturação no local foi autorizada pelo MPE (Ministério Público Estadual), por meio de ofício encaminhado em 1º de julho deste ano. A obra foi ocasionada por razão de um TAC (termo de ajustamento de conduta) firmado entre a Promotoria, a Prefeitura da cidade e a Nabileque Incorporadora Ltda, que teve como objetivo ajustar eventuais irregularidades na aprovação e implantação de um residencial no município.

No documento, o MPE concorda com a destinação do recurso de R$ 100 mil, provenientes do TAC, para realização da reforma no local, com apenas duas ressalvas. "Que a reforma da Praça Getúlio Vargas tenha início ainda neste ano", condição que já foi respeitada. E que "sejam apresentadas prestações de contas mensais à Promotoria". Isto é, em nenhum momento houve a preocupação de se preservar a arquitetura histórica do lugar.

E é justamente este ponto que revolta os moradores, que criaram até mesmo um grupo nas redes sociais para reunir suas ideias. Segundo eles, a reforma da praça deveria consistir em uma restauração, respeitando os aspectos históricos, e não uma revitalização. "As pessoas têm guardado em suas memórias os elementos da praça, como o coreto, o piso, os bancos. E com a revitalização toda essa memória pode se perder", argumenta a estudante de Arquitetura e Urbanismo, Luana Carvalho, 22 anos.

 

Retirada de árvores

Outra questão que despertou a inquietação dos moradores foi a supressão de diversas árvores da praça, realizada para dar início à obra. Tanto que, neste sentido, o próprio MPE instaurou um "inquérito civil para apurar a erradicação indevida de árvores no local", segundo o promotor André Luis Felício. "Sabemos que uma parte não conseguiremos recuperar, que são as árvores que foram arrancadas, mas o que a gente quer garantir é que o restante da praça seja mantido em sua essência", relata a estudante.

Enquanto alguns são contrários, outros concordam com a obra de reforma. Um deles é o aposentado João Freitas, 57 anos. Para ele, a revitalização deverá dar um novo ambiente à praça. "Acho que será bom para a cidade. A praça estava abandonada, então, a modernização pode atrair a presença dos moradores", considera. Opinião semelhante de Ricardo Rodrigues do Oliveira, 37 anos. "Acredito que toda reforma seja para o bem e não deve ser diferente com a praça", cita o morador.

 

Reunião agendada

Pelo bem ou pelo mal, os contrários ao projeto reclamam que a população da cidade não foi ao menos ouvida, para opinar com relação à reforma de um bem coletivo. "Foi uma decisão monocrática do órgão público, sem pelo menos consultar a população", afirma Luana Carvalho. Até por isso, o grupo está organizando um encontro para discussão e debate acerca do tema. A reunião está prevista para ocorrer amanhã, na própria praça, em horário a ser agendado pelos organizadores.

 

SAIBA MAIS


A reportagem tentou contato com o prefeito Horácio César Fernandez (PV) para repercutir o assunto, mas ele não atendeu as ligações efetuadas na tarde de ontem. Por sua vez, a Assessoria de Imprensa do Executivo alegou que tentou levantar os questionamentos feitos pela reportagem, mas não encontrou ninguém competente para respondê-los. Já o procurador jurídico do município, Alessandro Manoel da Silva Vasconcelos, afirma que "não existe nenhuma ilegalidade naquilo que está sendo feito na praça" e garantiu que a arquitetura do local "não vai ser alterada", como pensam os críticos. A ouvidoria da Prefeitura relatou que "o projeto de reforma e revitalização da praça contempla a construção de um obelisco em comemoração aos 100 anos de fundação do município".

 
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