Região soma 460 renais crônicos em estágio 5

Números foram divulgados ontem de manhã, no evento de lançamento oficial da cartilha de doença renal crônica, no Matarazzo

REGIÃO - JANAÍNA TAVARES

Data 13/04/2018
Horário 20:24
José Reis - Lançamento de cartilha reuniu ontem autoridades e pacientes
José Reis - Lançamento de cartilha reuniu ontem autoridades e pacientes

Na região de Presidente Prudente, existem cerca 460 pacientes renais crônicos com diálise, estágio cinco, o mais avançado da doença, de acordo com o DRS-11 (Departamento Regional de Saúde de Presidente Prudente). Isso representa 92% do total de pessoas que hoje realizam o serviço de hemodiálise. Os dados foram divulgados na manhã de ontem, pelo diretor técnico do departamento, Jorge Yochinobu Chihara, 62 anos, durante o evento de lançamento oficial da cartilha de doença renal crônica, no Auditório Sebastião Jorge Chammé do Centro Cultural Matarazzo.

Ele ressalta que os casos da doença vêm aumentando em comparação com 2017 e a fila de espera por atendimentos na Santa Casa da Misericórdia de Prudente tem atualmente 40 pessoas. “O que nos preocupa também é que o número de pacientes com diálise inclui aqueles não possuem uma boa orientação médica e aqueles que não querem entrar na fila de espera para transplante”, avaliou o diretor.

A cerimônia da cartilha foi realizada pela 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), com apoio do Carim (Associação de Apoio ao Paciente Renal Crônico e Transplantado) e da Sociedade Brasileira de Nefrologia – essa última, representada pelo o médico Gustavo Navarro Betônico, 43 anos, o qual informou que os 500 enfermos da região que precisam de hemodiálise passam pelo serviço em Prudente e Dracena.

“É um problema que tem aumentado cada vez mais sua incidência e está relacionada a doenças do dia a dia, como hipertensão e diabetes. Sem o devido tratamento, podem levar à doença renal”, explicou o médico. Ele ressaltou que o custo social e financeiro do Estado e convênios são “muitos grandes”, por isso a intenção da cartilha é que os pacientes consigam entender as causas da doença e como preveni-la. “Não queremos que eles procurem ajuda apenas quando o estágio da doença estiver bem avançado”.

Além de dar auxílio, o objetivo do livreto de orientações é esclarecer os direitos do ponto de vista jurídico que essas pessoas têm, em relação a financiamentos, benefícios, entre outros. “Percebemos que por ser pouco conhecida e não ter uma boa assistência, nós nos sensibilizamos e fizemos a cartilha para fazer uma prevenção e apresentar quais são os direitos destas pessoas”, analisou advogada da OAB e coordenadora jurídica da cartilha, Brunna Ruzzon, 24 anos.

Ela adianta que 10 mil exemplares serão distribuídos para o Congresso Brasileiro de Nefrologia, município de Prudente e região, e em todas as clínicas de hemodiálise do país. “A intenção é ampliar a cada vez mais para dar destaque a este trabalho que durou seis meses”.

Na maior cidade do oeste paulista, são atendidos pelo Carim 479 enfermos e dentre este número, três crianças que também possuem a doença renal crônica, conforme o presidente da entidade, Cássio Mitsuo Tubone, 46 anos. Ele destacou a falta de informação e poucas campanhas de conscientização sobre a doença. “Eu também sou um paciente renal crônico transplantado, então entendo pelo o que eles passam. Já descobri minha doença com 20% dos meus rins comprometidos, então batalhamos para que tenha uma comunicação e informação de qualidade para a população”, enfatizou, acrescentando que “já passou da hora de Prudente ter uma visão diferente sobre a doença e de mais espaços físicos para as máquinas de hemodiálise”.

E não é apenas o presidente da instituição que sofre com a enfermidade. Dentre autoridades públicas e jurídicas, alguns pacientes também estavam presentes no lançamento. Funcionária pública, Silvia Regina de Oliveira Souza, 41 anos, falou que há três anos descobriu a doença e, apesar de morar em Santo Expedito, o tratamento que realiza é feito na Santa Casa de Misericórdia de Prudente. Porém, as dificuldades na falta de informação não foram os únicos problemas de Silvia Regina. “O acesso ao tratamento fica muito a desejar. Fiquei quatro meses na espera para fazer os exames e não consegui, então paguei os exames porque não podia esperar a doença avançar”, disse.

 

Direitos

Conforme o livreto de informações, a União, os Estados e os municípios devem garantir o atendimento ao cidadão. O SUS (Sistema Único de Saúde) é “o responsável por dar todas as condições de acesso gratuito a tratamentos de saúde, incluindo medicamentos para todos”. Além de garantir diagnóstico e o imediato tratamento do paciente renal, oferecendo todos os serviços necessários, desde o tratamento preventivo até os procedimentos de diálise e cirurgia de transplante de rim.

Dentre outros mencionados, quem tem a doença também possui direito a transporte público interestadual gratuito. Em Prudente, o paciente tem direito ao passe livre em ônibus coletivo urbano (Lei 8993/15, Artigo 39, I), atendimento prioritário nos serviços públicos e privados, assim como obtenção de descontos em eventos culturais, esportivos e de lazer, vagas de estacionamento, entre outros.

 

NÚMEROS:

 

479

É número de pacientes de PP e região que são atendidos pelo Carim

 

500

É o total de pacientes no processo de hemodiálise em Prudente e Dracena

 

460

É o número de pacientes com diálise (estágio mais avançado), em PP e Dracena

 

10 mil

É a quantidade de exemplares da cartilha do renal crônico

 

 

SAIBA MAIS

ESTÁGIOS DA DOENÇA RENAL CRÔNICA

- Nos estágios de 1 a 3: a doença é considerada leve e moderada, portanto, entende-se que o paciente ainda se encontra apto para exercer suas atividades normalmente;

- No estágio 4: a doença é considerada como grave, pois a função renal está abaixo de 30% e neste casos os pacientes renais ficam inaptos a exercerem funções que exijam esforços físicos;

- No estágio 5: neste estágio mais conhecido como estágio da diálise, a doença é considerada gravíssima, pois a função renal está abaixo de 10% e o paciente é submetido a um tratamento mais invasivo que pode acarretar sequelas e limitações no desempenho de suas funções.

Fonte: Cartilha da doença Renal Crônica

 

 

 

 

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