Pois é, dona Zezé, nunca pensei que depois dos 40 anos a gente pudesse ter tantas riquezas impregnadas em nós mesmos. Acham que estou mentindo ou estou a mentir, como se diz em Portugal? Nada disso, seu Dílson!
Somos portadores de cada riqueza ambulante que vou te contar. Convém esclarecer que tais riquezas ficam, digamos, mais "encorpadas" depois dos 60 e até mais exuberantes ainda depois dos 70 anos. Verdade verdadeira e não mentira mentirosa.
O Espadachim realizou uma pesquisa minuciosa da cabeça aos pés. Para começo de conversa, a velharada passa a ter prata na cabeça, sem contar ouro nos dentes e pedras nos rins.
Prata vale uma grana preta e de outras cores, mas o diabo é convencer o comprador de que nossos cabelos grisalhos são de prata mesmo. Talvez um especialista pode tirar a dúvida. E o ouro nos dentes? Desses dentes nenhum comprador de ouro tem dúvida, pois é ouro mesmo.
E as pedras nos rins? O bom senso recomenda consultar um especialista. Vai que ele encontra uma pedra preciosa, mesmo que seja uma pequena esmeralda, e o portador pode ganhar uma graninha, é ou não é?
Ainda sobre minerais somos portadores de chumbo nos pés e ferro nas articulações. Assim só falta o bronze para completar a trilogia ouro, prata e bronze. E pensam que as riquezas param por aí? Temos açúcar no sangue, coisa que você pode negociar com a Alta Alegre ou com outra usina de cana-de-açúcar. Pois é: não sabia que havia um canavial dentro de nós.
No arremate, lembro que também temos uma maravilha no rosto, ou melhor, no olho: é a catarata, que não chega a ser a de Iguaçu. Nestes tempos de seca braba - ou de crise hídrica, como dizem os tecnocratas - acrescento que temos também uma fonte inesgotável de gás natural. Talvez seja o caso de vender esse gás às termelétricas.
DROPS
Como tornou-se perigoso falar de esquerda ou direita hoje em dia, quando me pedem alguma informação digo: vai reto sempre.
(autor desconhecido)
Pernilongo é um violinista no escuro.
Brasil acima de tudo. Deus acima de todos. Eu acima do peso.
(na camiseta de um cidadão)
Só sei que nada sei.
(Sócrates, filósofo grego)