Sandovalina tem alto índice de anomalia em bebês

Com pouco mais de 4 mil habitantes, cidade apresenta 22 casos a cada mil nascidos vivos; prevalência média estadual é de 8

REGIÃO - BIANCA SANTOS

Data 17/08/2017
Horário 13:11

Segundo dados divulgados pelo Sinasc (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos) durante o 2º Seminário Regional de Saúde e Qualidade de Vida no Pontal do Paranapanema, no início do mês, a cidade de Sandovalina é a segunda do Estado com maior proporção de casos de anomalias em bebês, possuindo 22 registros a cada mil nascidos vivos de 2000 a 2013, sendo que prevalência da média estadual é de oito casos. Na execução da reportagem, a Prefeitura do município foi procurada para informar dados atualizados sobre o assunto, contudo, a administração municipal se recusou a fornecê-los.

De acordo com a coordenadora da Comissão Técnica de Saúde do Fórum Paulista de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, Telma Nery, o levantamento apresentado no evento de Sandovalina apontou que a cidade possui taxas diferenciadas a respeito de malformações de fetos ao se comparar com outros municípios do Estado, ficando atrás apenas de Ribeirão Corrente, na região de Franca, com 26 anomalias a cada mil nascidos vivos.

Segundo Telma, o debate no seminário serviu para que as outras municipalidades presentes também tomassem as informações como medidas de investigação para comprovar se há ou não relação do uso de agrotóxicos e pulverizações aéreas com os casos de anomalias. “Observamos que onde é feito o uso destes defensivos agrícolas há índices discrepantes se compararmos com outras regiões livres de agrotóxicos, porém, isso é apenas uma constatação epidemiológica”, pontua. “Espero que as cidades tomem providências e desenvolvam mais consciência ambiental, assim como fez Americana abolindo o uso destes produtos”, expõe.

Por sua vez, o defensor público Marcelo Carneiro Novaes declara que o interior de São Paulo tem sofrido com uma epidemia de câncer e casos de bebês malformados “pelo uso excessivo de agrotóxicos”. “Existe sim relação dos casos das ocorrências com a pulverização aérea, devido a deriva do ar, que pode levar o produto da área aplicada até a 30 quilômetros de distância se houver a inversão térmica. Considero um procedimento inseguro, tanto que não existe mais esse processo na Europa”, destaca. Conforme o defensor, a região de Presidente Prudente está mais suscetível a ter mais agravos de saúde do que a área altamente industrial de Cubatão, devido ao avanço da agricultura e utilização de defensivos agrícolas nas plantações.

 

Usinas

Uma empresa do segmento sucroalcooleiro de Mirante do Paranapanema considera que cumpre rigorosamente a legislação ambiental e demais questões regulatórias vigentes. “A atuação da empresa acerca do tema garante o controle dentro do perímetro permitido pela lei, sempre seguindo as normas recomendadas pelos órgãos competentes e adotando diretrizes de saúde e segurança”, afirma.

Já outra usina em atividade na cidade de Sandovalina explica que a aplicação de agrotóxicos e outros produtos não é realizada diretamente pela unidade, mas por uma empresa de aviação agrícola, que cumpre os parâmetros normativos tecnicamente fixados pelo Ministério da Agricultura. “Além disso, essa medida assegura que a aplicação seja realizada de forma segura somente sobre os canaviais, não atingindo áreas urbanas, nem constituindo atividade que cause prejuízo ambiental ou à saúde da população”, pontua.

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