Santa Casa de Prudente realiza nova captação de órgãos múltiplos

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 24/04/2019
Horário 20:25
Valéria Garbullio/Santa Casa - Equipe do Hospital das Clínicas auxiliou na captação ontem
Valéria Garbullio/Santa Casa - Equipe do Hospital das Clínicas auxiliou na captação ontem

Quando o assunto é doação de órgão, o principal conselho sempre vai ser o de avisar a família sobre a vontade, ainda em vida. Com isso, as chances de salvar alguém aumentam. E em menos de 15 dias, pelo menos dois grupos familiares atenderam esses pedidos aqui em Presidente Prudente. Isso porque ontem, a Santa Casa de Misericórdia realizou a segunda captação de órgãos múltiplos, em duas semanas. Desta vez, um homem de 57 anos pôde doar dois rins e um fígado, que foram enviados àqueles que esperam ansiosamente na fila de espera.

Para o procedimento, uma equipe do Hospital das Clínicas de São Paulo veio para auxiliar na captação, isso quando se trata do fígado. Como explicado pelo urologista e médico do grupo de transplantes da Santa Casa, Felipe de Paula, “a equipe que retira é a mesma que vai implantar”. Já nos casos dos rins, os próprios profissionais da unidade de saúde local é quem faz a retirada. Três pessoas deverão ser beneficiadas.

“Posteriormente, assim que ocorre a retirada, os órgãos são encaminhados para a central de captação. Nesse momento é quando será analisada a lista de espera, que é estadual. Aquele que, por ordem, deverá receber o órgão, é contatado”, completa o médico. A possibilidade de retornar à região, ainda de acordo com o Felipe, é muito incomum. E quando um receptor é selecionado, o hospital que o atende tem 30 minutos para confirmar a doação, caso contrário, o próximo da fila é quem recebe.

Ou seja, todo o procedimento trata-se de um atendimento rápido, em vista da complexidade. Diferente do processo de retirada e implantação, que demanda mais tempo. E ainda de acordo com o especialista, essa é uma das causas que “atrapalha” a maior possibilidade de captações. “As famílias, muitas vezes, acabam não cedendo e possibilitando a doação pela demora. Mas isso ocorre porque tem todo um protocolo a seguir, a partir da declaração da morte encefálica”, completa. Em uma conta rápida, ele chega a mencionar que apenas 30% dos casos são aproveitados, e em cerca de 40% o grupo familiar não “autoriza nem chegar perto do paciente em óbito”.

Daí vem a importância de bater na tecla do diálogo, conforme Felipe, principalmente nos casos dos jovens. “É necessário dizer em vida. Pois logo que acontece um óbito e há um potencial doador, existe um grupo preparado para isso, que vai falar com a família. Mas é um momento de luto, de choro, e muitas vezes o grupo familiar se sente pressionado, vendo a ação como uma falta de respeito ou insensibilidade”, argumenta. Sendo assim, ele destaca que o pedido em vida é escutado, e a pessoa que tiver que decidir pela doação vai aprovar com mais facilidade, como uma vontade do ente que já se foi.

Impossibilidades

No caso do recente paciente, assim como da captação feita no dia 13 de abril, os óbitos foram provenientes de um AVCH (acidente vascular cerebral hemorrágico). Contudo, existem as situações no qual a retirada dos órgãos é inviável. “Quando a morte do paciente vem de uma doença infectocontagiosa ou de um câncer, o descarte é feito de imediato”, detalha o médico. Ao passo que a doença específica de cada parte do corpo impossibilita seu uso, como por exemplo, um rim que sofria de insuficiência.

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