Santas casas aderem a "dia de luto” em protesto

Os funcionários usarão uma fita preta no braço em protesto e uma faixa será afixada no local.

REGIÃO - Mariane Gaspareto

Data 25/09/2014
Horário 07:28
 

Dezesseis santas casas da região de Presidente Prudente realizarão ações que compõem um manifesto coletivo sobre o subfinanciamento do SUS (Sistema Único de Saúde), chegando até a suspender atendimentos hoje, data que marca o "Dia Nacional de Luto pela Crise das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos". As entidades utilizarão uniformes pretos, afixarão faixas, distribuirão folderes e algumas paralisarão os procedimentos eletivos - que podem ser marcados com antecedência, pois não são caracterizados como urgentes ou emergenciais.

Estarão "em luto" as santas casas de Adamantina, Dracena, Flórida Paulista, Iepê, Junqueirópolis, Lucélia, Martinópolis, Panorama, Paraguaçu Paulista, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Presidente Venceslau, Rancharia, Regente Feijó e Teodoro Sampaio.

Jornal O Imparcial Santa Casa de Prudente aderiu ao "dia de luto" e suspenderá hoje cirurgias agendadas

De acordo com a Assessoria de Imprensa da Santa Casa de Prudente, a unidade aderiu ao "movimento que denuncia o financiamento insuficiente da saúde na esfera federal". Na instituição,  as cirurgias eletivas agendadas para hoje foram remarcadas para outra data. No entanto, os atendimentos de emergência e urgência serão feitos normalmente. Os funcionários usarão uma fita preta no braço em protesto e uma faixa será afixada no local.

Segundo o gerente administrativo da Santa Casa de Presidente Prudente, José Roberto Garcia, o setor sofre "há muitos anos" com a tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) "defasada". Conforme expõe, a cada R$100 dos custos dos procedimentos, o SUS paga R$ 60, e, por conta disso, as instituições ficam com o déficit.

A Santa Casa de Presidente Venceslau também suspenderá seus atendimentos, cirúrgicos ou particulares, por conta do manifesto. Estarão disponíveis apenas os serviços de urgência e emergência no hospital. Como noticiado por O Imparcial, a entidade recebeu do governo do Estado, um repasse de R$ 500 mil, no entanto de acordo com o provedor Antônio José Aldrighi dos Santos, a quantia repassada "não seria suficiente" para arcar com os gastos obtidos com a instalação da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) nível 2.

Os hospitais psiquiátricos Allan Kardec, São João e Bezerra de Menezes, em Prudente, informaram que não irão aderir à campanha. De acordo com a Assessoria de Imprensa do Bezerra de Menezes, não há interesse em participar do manifesto, visto que a instituição encontra-se em negociação para obter mais recursos. Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não encaminhou posicionamento em relação aos repasses do SUS até o fechamento desta matéria.

 

 

Menor impacto


Dracena participará do manifesto e seus profissionais utilizarão uniformes pretos, no entanto, a ação não irá alterar a rotina normal da entidade, que não realiza procedimentos eletivos. O mesmo ocorre em Presidente Epitácio, instituição que atende apenas casos de média complexidade.

Conforme Pâmela Garcia Prieto, secretária do Comitê Regional das Santas Casas e funcionária da entidade de Epitácio, "há mais de dez anos não ocorre reajuste na tabela de repasses do SUS", e, por isso, os hospitais acabam precisando de auxílio externo, como subvenções das prefeituras e doações para se manter. "É importante que as pessoas mudem essa ideia fixa de que hospital é só médico e enfermeiro. Tem uma série de profissionais envolvidos na instituição, que funciona como uma empresa, e tem muito mais despesas do que a população imagina", expõe.

De acordo com Prieto, o subfinanciamento do SUS acaba influenciando também na qualidade do atendimento. "Deveríamos fazer um treinamento contínuo dos profissionais, mas como vou exigir um bom desempenho se não tenho recursos pra isso?", questiona.

 

Em luto

A ação, promovida pela Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo), visa representar o luto do setor que, conforme o órgão, atualmente amarga uma dívida de mais de R$ 15 bilhões. O manifesto é parte de uma mobilização nacional que conta com a participação das mais de 2,1 mil instituições do país e adesão de todos os Estados.
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