Janeiro Branco é o mês em que se enfatiza sobre as questões relativas à saúde mental. Pensando sobre saúde de um modo geral, o que primordialmente necessitamos refletir são sobre os aspectos das doenças de um modo geral. Cuidar da saúde de forma preventiva é o ideal. Há prevenção primária, secundária, terciária e assim sucessivamente. A primária é o programa que objetiva evitar a ocorrência do problema alvo, isto é, diminuir a incidência prevenindo, antes que a doença se inicie. Podemos pensar como exemplo: programas antitabagismo, campanhas de vacinação, palestras para adolescentes sobre gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, orientação sobre drogas diversas etc. A prevenção secundária compreende em detecção precoce da doença já estabelecida. A prevenção terciária seria quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença. Pensando sobre a saúde mental e o janeiro branco, a prevenção primária, teria seu papel fundamental. Como psicanalista recebo em meu consultório pacientes em que a psicopatologia já está instalada. Chegam depressivos, transtorno de pânico, compulsão alimentar, hipertensos, taquicardíacos, doenças na pele etc. Muitas vezes, veem encaminhados por outras especialidades que identificam a doença, relativamente imbricada, com o problema de saúde mental. São as chamadas doenças psicossomáticas. É quando a saúde mental não está equilibrada levando o corpo ao adoecimento. Assim, o corpo é quem padece. Ter saúde mental é ter capacidade para pensar, criar, desenvolver e transformar-se. Quantas situações conflituosas e turbulentas poderíamos ter evitado se houvesse uma procura mais acentuada e frequente, pelos profissionais de saúde mental. São os psicólogos clínicos especializados, psicanalistas e psiquiatras. Eles são profissionais voltados ao atendimento de pessoas angustiadas, traumatizadas e com sofrimentos diversos. Esses profissionais têm uma escuta especializada e humanizada, distantes de quaisquer sensos discriminatórios, preconceituosos e críticos. Buscar ajuda é um sinal de força e não de fraqueza. O tema sobre suicídio é importante e deve ser, de forma inesgotável, abordado em seu viés preventivo. Atentar sobre os sinais de alerta e encaminhar para redes de apoio psicológico, psicopedagógico ou psiquiátrico. O fundamental é não ignorar os sinais e se mostrar disponível a ajudar, E não se deve tentar atribuir culpas. Dividindo com vocês, um fragmento do texto recebido por uma colega de profissão, sendo de autoria de outra colega chamada Lúcia Teixeira, muito oportuno e importante, “Nossa cultura oferece geralmente como portas de entrada, da passagem da vida infantil para a adolescência, e desta para o mundo adulto, o consumo, as redes sociais onde tudo parece perfeito e acessível, com o gozo mostrado na propaganda, imagens de felicidade, bebidas etc. Crianças e jovens são um grande potencial do mercado. Instrumentos como leitura, informação, arte, cultura, política e trabalho social podem torná-los críticos em relação às facetas dessa sociedade, esse “mundo líquido”, em que nada é feito para durar, para ser sólido, conforme a expressão cunhada pelo sociólogo e pensador Zygmunt Bauman. A escola e a universidade não podem assumir o papel de clínica psiquiátrica, mas sim ser parte de uma extensa rede de proteção aos jovens, que precisa envolver as famílias, sistema público de saúde, a sociedade e muita informação”.