Quem tem conhecimento da História, ou ainda está aprendendo, vale a pena fazer um exercício de reflexão sobre os acontecimentos do holocausto (prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler) e da Segunda Guerra Mundial. E a corresponsabilidade de cada ser humano na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e pacífica. Até o dia 21, por meio de visitas monitoradas, ou não, isso é possível no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) de Presidente Prudente, ocasião em que o público em geral pode conferir, gratuitamente, a exposição itinerante "Aprendendo com Anne Frank – histórias que ensinam valores".

Talita comenta que Anne narra tristezas, mas também ensina coisas importantes e boas
No local está uma mostra em fotos, textos e outros materiais, como uma maquete do anexo secreto; da fábrica; réplica do diário de Anne, que depois de sua morte virou livro publicado por seu pai, revelando ao mundo a desumana realidade da época, algo que a humanidade não pode esquecer; documentos judaicos, entre outros, que narram a história da adolescente e do massacre de inocentes.
De acordo com a bibliotecária da unidade, Talita da Silva Carlos, 27 anos e a assistente social Fernanda Lúcia Maioli, 37 anos, a iniciativa tem como objetivo a construção de uma memória coletiva sobre as violações de direitos humanos cometidas no passado, mostrando fatos importantes da vida da jovem judia de apenas 13 anos, Anne Frank, que teria morrido de tifo (doença causada por piolhos) no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, onde ficara com sua irmã Margot, a mãe Edith e o único a sobreviver o holocausto, seu pai Otto; pessoas que a ajudaram, a cidade de Amsterdã e o Anexo Secreto.
Esperança
As organizadoras explicam que a escolha dessa exposição se deu por ter interesses em comum da jovem com o que o Senac valoriza: acreditar nas pessoas, em seus valores e pensar no que ocorreu, o maior genocídio da história. E assim, refletir sobre o que acontece hoje em dia.
Segundo Talita, como diz a principal frase de Anne: "Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana", mesmo com toda a violência que permeia a vida, as pessoas precisam aprender e exercitar isso. Acreditar e não desistir do ser humano. Não perder a fé na humanidade.
"E ela traz esses valores, essa questão da resiliência, da cultura de paz. E este é um momento de refletirmos que, apesar do holocausto ter sido algo de triste na nossa história, precisamos falar sobre o fato para não deixar acontecer de novo. Anne narra muitas tristezas, mas também ensina coisas boas numa situação de extrema violência, fome, miséria como ela passou!", exclama a bibliotecária.
"A lição que ela traz de que o outro não precisa ser violento e que ele tem algo bom a oferecer é o que podemos levar no dia a dia, aprender sobre a história mundial e principalmente sobre nós mesmos", complementa a assistente social.
"É nossa responsabilidade"
De acordo com Fernanda esse foi o link que seguiram quando pensaram em trazer essa exposição, se perguntando: Segunda Guerra Mundial, uma menina judia... O que a história de Anne Frank tem a ver comigo?
"É incrível, mas quando a gente começa a fazer esse paralelo da questão da intolerância, do preconceito da época, percebemos como isso está extremamente enraizado na nossa cultura", enfatiza a assistente social.
E Talita complementa: "Por isso, temos que trabalhar realmente a nossa corresponsabilidade na nossa sociedade. Se perguntar, qual foi a responsabilidade daquele povo que permitiu que aquilo acontecesse. E o que estamos fazendo para permitir a violência no dia a dia. Somos responsáveis em tornar nossa sociedade melhor, temos um papel importante e ações que podemos fazer para melhorar esse cenário e a Anne nos ajuda a refletir sobre isso", frisa a bibliotecária.
Outra frase de Anne que toca quem a lê seria: "É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecerem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração".
Parceria
A mostra, que até o final deste ano percorrerá 56 unidades do Senac, ocorre em parceria com a Casa Anne Frank, prefeitura de Amsterdã e Instituto Holanda Plataforma Brasil. Além do Museu e Arquivo Histórico Prefeito Antonio Sandoval Netto, que emprestou peças da época como rádio que era importante no período, máquina de escrever, de costura, entre outros, para que as pessoas possam entender como se vivia naquela ocasião, - um oferecimento do governo municipal, por meio da Secult (Secretaria Municipal de Cultura).