Ser professor no Brasil é...

OPINIÃO - Rosana Borges Gonçalves

Data 15/01/2022
Horário 04:30

Não é segredo o quão desafiador é ser professor no Brasil. Profissionais desacreditados, esgotados e desmotivados fazem parte do quadro educacional brasileiro, ao ponto que a profissão tem perdido o brilho diante dos olhos esperançosos das futuras gerações. Em 2018, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou o relatório "Políticas eficientes para Professores", apenas 2,4% dos jovens brasileiros de 15 anos querem se tornar professores. Esse mesmo percentual era de 7,5% há dez anos.
Aqueles que, mesmo assim, optaram pela carreira, contam com uma rotina pesada entre os estudos (mesmo depois de formados), o trabalho e a família, fazendo com que muitos adoeçam. A síndrome de burnout, mais conhecida como a síndrome do esgotamento físico e mental, é muito comum entre professores, segundo Ana Carolina C D'Agostini, psicóloga e pedagoga com formação pela PUC-SP e mestre em Psicologia da Educação pela Columbia University.
Quando questionado o lado financeiro da profissão, o cenário é desmotivador: o piso salarial do professor brasileiro é o mais baixo entre 40 países. Os rendimentos dos docentes brasileiros no início da carreira são menores do que os de professores em países como México, Colômbia e Chile, segundo a revista Exame (publicado em 17/09/2021). 
Muitos podem então questionar qual ligação deste assunto a sua rotina. A realidade do professor atinge todos nós. Esquecem que talvez, num futuro não muito longínquo, poderá ter um neto(a), um filho(a) ou sobrinho(a), dentro de uma sala de aula onde este mesmo professor desmotivado será o responsável pela sua formação.
Todavia, políticas governamentais como a lei do novo Fundeb, Lei 14.113/20, por exemplo, procuram por novos caminhos. O “Fundo exclusivo destinado ao desenvolvimento da educação e valorização dos professores da educação básica” é um direito importante conquistado que merece todo nosso respeito e cuidado. A colaboração de toda sociedade e a fiscalização dos órgãos competentes é imprescindível para que este fundo tão valioso chegue a sua devida finalidade.  
Diante de tantos desafios, estes profissionais ainda vestem a camisa e não desistem. Heróis sem capa que ainda acreditam numa educação de qualidade e estão em toda parte tentando fazer a diferença. Ser professor no Brasil é no mínimo ser um guerreiro com poucas armas.  
 

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