Uma pesquisa recente divulgada pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) indica que, na região administrativa de Presidente Prudente, o setor de produtos alimentícios tem o maior VTI (Valor de Transformação Industrial), com participação de 63,3%.
De acordo com o Seade, o VTI é um indicador que representa a diferença entre o valor da produção e o custo dos insumos consumidos no processo produtivo. O indicador é utilizado na mensuração de consumo intermediário e do custo das operações industriais. Quando declinante, por exemplo, indica um maior nível de consumo intermediário ou aumento no custo das operações industriais.
Na região, segundo a pesquisa da fundação, o setor de biocombustíveis vem em segundo lugar com 23,7% na participação do VTI; seguido por máquinas e equipamentos, com 2,2%; móveis, com 2,1%; e produtos químicos, com 1,9%, fechando o ranking dos cinco primeiros colocados.
Para entender o fenômeno por trás do desempenho notável do setor de produtos alimentícios, a reportagem de O Imparcial consultou a direção regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
De acordo com o diretor regional do Ciesp, Itamar Alves de Oliveira Junior, a forte conexão entre a indústria de alimentos e a produção agrícola é um fator-chave para esse destaque do setor no ramo industrial. “A IT [Indústria da Transformação] está na rotina dos brasileiros. Ela é responsável pela transformação de matéria-prima em um produto final ou intermediário.
Os materiais utilizados são provenientes, por exemplo, de produção agrícola, que é muito representativa na região de Presidente Prudente", pontua Itamar, com base em dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que apresenta que a cada real produzido na IT, são gerados R$ 2,67 na economia do país.
Quando questionado sobre as empresas que se destacam no setor de alimentos e a produção mais predominante, Itamar destaca a presença de indústrias que produzem diversos tipos de molhos, massas, bolachas e pimentas na região. Além disso, conforme o diretor do Ciesp, o setor de biocombustíveis, especialmente no ramo sucroenergético, é um dos pilares da economia local, produzindo biogás, etanol e energia elétrica.
“No setor de produtos químicos, temos várias indústrias que fabricam produtos para limpeza em diversos tipos de segmentos, como: residencial, industrial e hospitalar”, acrescenta.
Sobre a perspectiva de crescimento contínuo no setor de transformação industrial, o diretor regional do Ciesp observa que a região é diversificada, com vários segmentos da indústria. “Sementes, alimentação animal, alimentos, química, móveis, máquinas e som são alguns deles”, lista Itamar.
Ele também destaca os investimentos significativos de cooperativas e empresas do setor sucroenergético nos últimos anos. “A tendência é de crescimento, porque somos uma região com uma diversidade de segmentos da indústria, mas a maioria ligada à agroindústria e nos últimos anos tivemos altos investimentos de cooperativas e de empresas do ramo sucroenergético. E, no ano passado, após a assinatura da legislação sobre a regularização fundiária estamos otimistas com o aumento de investimento ainda maior”.
A reportagem também colheu alguns dados junto à indústria Bebidas Funada, de Presidente Prudente, que está há 76 anos no mercado. De acordo com a empresa, os principais mercados acessados são: a própria região de Prudente, São Paulo capital e cidades satélites, região oeste do Paraná, os estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e, internacionalmente, Paraguai e Bolívia na América do Sul, alguns países na Europa e o Japão, na Ásia.
A Funada indica que são produzidos anualmente mais de 79 milhões de litros. Segundo a empresa, são 450 empregos diretos e mais de 20 mil empregos indiretos, levando em consideração os fornecedores e prestadores de serviços influenciados pelos produtos da empresa.
Foto: Funada/Instagram
Anualmente, Bebidas Funada, de Prudente, produz mais de 79 milhões de litros