Sindicato estima adesão de 99% das agências à greve

Conforme entidade, cerca de 800 bancários que atuam em Prudente cruzaram seus braços ontem, primeiro dia da paralisação, após não terem suas reivindicações atendidas pela Fenaban

PRUDENTE - ANDRÉ ESTEVES

Data 07/09/2016
Horário 11:42
 

As fachadas das agências bancárias trouxeram ontem placas que anunciavam o descontentamento com o rumo das negociações entre bancários e entidade representativa: "Estamos em greve". De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de Presidente Prudente e Região, Edmilson Trevisan, cerca de 800 bancários do maior município do oeste paulista cruzaram seus braços, após não terem suas reivindicações atendidas pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). "99% das agências pararam em Prudente. Na região, algumas agências também paralisaram, mas acreditamos que, aos poucos, todas vão aderir ao movimento", avalia Edmilson.

Jornal O Imparcial Quem precisou de serviços bancários ontem se deparou com cartazes anunciando greve

Segundo o sindicalista, a greve foi desencadeada após uma "proposta rebaixada" da Fenaban, que ofereceu 6,5% de reajuste salarial e abono de R$ 3 mil, sendo que a categoria pedia reajuste de 14,78% e 5% de aumento real. "O percentual que eles oferecem é menor do que a reposição inflacionária anual e o abono completa só este ano. Não vamos aceitar", comenta. O presidente acredita que uma nova negociação não deve surgir de imediato, visto que, na última greve, a Fenaban só se manifestou após 20 dias de paralisação. "Por enquanto, vamos permanecer em greve por tempo indeterminado", enfatiza.

Edmilson explica que, apesar do atendimento em bancos ter sido interrompido, a população pode continuar tendo acesso aos serviços por meio dos caixas eletrônicos. "Neles, é possível realizar pagamentos, saques e até mesmo empréstimos de valores razoáveis", aponta. "Além disso, alguns funcionários que não aderiram à greve ficarão à disposição dos clientes para ajudá-los com os serviços oferecidos pelos caixas", complementa.

 

Opiniões


As filas aumentaram no primeiro dia da greve dos bancários. Se o processo nos caixas eletrônicos era mais rápido antes, a lotação o tornou mais lento. A microempreendedora Ana Paula Chicale, 42 anos, saiu insatisfeita de uma agência. "Além do banco ter parado, havia caixas eletrônicos que não estavam funcionando. Não consegui fazer a minha operação. Agora vou ter que aguardar. Eu acho isso uma pouca vergonha. Acredito que os bancários deveriam se unir e pensar no povo. Onde já se viu apenas uma pessoa para orientar os clientes?", reclama.

O aposentado Tarciso Vieira da Silva, 61 anos, acredita que esta é uma questão complicada, pois os dois lados acabam ficando comprometidos. "Eu, na verdade, fico em dúvida. Os bancários precisam do salário que merecem e têm que defender o ganho deles. Enquanto isso, a população precisa pagar as suas contas em dia, mas com os atrasos, vão acabar lidando com os juros", opina. A aposentada Marlene Barros, 67 anos, por sua vez, considera que o movimento no primeiro dia foi "normal". "Eu acho a greve muito cabível, pois os funcionários precisam lutar pelos seus direitos", pontua.

 

Posicionamento

Em nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) informou que a negociação está em andamento. "A proposta da Fenaban integra, para a maior parte dos bancários, aumento de remuneração que supera a inflação. Isso porque ela envolve, além dos 6,5% de reajuste salarial, um abono de R$ 3 mil. Somando ambos, o aumento chega a 15% para algumas faixas salariais", defende. A federação notifica que a proposta inclui participação nos lucros e aumento no vale-alimentação (que passará a R$ 523,48 mensais) e no vale-refeição (que chegará a R$ 694,54 mensais). "Esses e outros benefícios pagos aos bancários estão entre os mais altos do mercado", complementa.

A Febraban aponta ainda que, enquanto a greve decorre, a população pode ter acesso aos serviços por meio de uma série de canais alternativos, como os caixas eletrônicos, internet banking, o aplicativo do banco no celular, operações bancárias por telefone e também pelos correspondentes, que são as casas lotéricas, agências dos Correios, redes de supermercados e outros estabelecimentos comerciais credenciados.

 
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