Sindicato solicita CPI para investigar utilização do Fundeb em Prudente

Sintrapp quer que Câmara institua comissão para apurar fatos que podem indicar má gestão dos recursos públicos no município

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 11/03/2022
Horário 14:54
Foto: Câmara de Prudente
Sintrapp solicitou à Câmara a criação de CPI para investigar gestão da verba do Fundeb
Sintrapp solicitou à Câmara a criação de CPI para investigar gestão da verba do Fundeb

Na manhã desta quinta-feira, o Sintrapp (Sindicato dos Servidores Municipais de Presidente Prudente e Região) oficiou a Câmara Municipal, o MPE (Ministério Público Estadual) e o Comed (Conselho Municipal de Educação de Presidente Prudente) para que seja investigado se houve ou não má utilização dos recursos públicos relacionados ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) no município de Presidente Prudente.

No documento enviado à Câmara, o sindicato solicitou, nos termos do parágrafo 1° do artigo 35 do regimento interno da Câmara, a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar gestão da verba do Fundeb. No ofício, o departamento jurídico do sindicato considerou 22 pontos a serem investigados, que vão desde “a revogação arbitrária do currículo municipal, demonstrando o descaso com os recursos do Fundeb que foram empenhados em sua construção” até a falta de materiais de limpeza e também escolares, que foram prometidos pela municipalidade às famílias das alunas e alunos.

Os mesmos pontos foram levados ao conhecimento do MPE para que seja instaurado um inquérito civil, e também ao Comed para que haja apuração dos fatos elencados que podem indicar a má gestão dos recursos.

Em nota, a Prefeitura de Prudente informou que está à disposição do sindicato e dos órgãos fiscalizadores para apresentar todas as informações necessárias sobre a gestão dos recursos do Fundeb por parte da administração municipal.

Prestação de contas

Conforme noticiado por O Imparcial, o CACS-Fundeb (Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) apresentou parecer contrário à prestação de contas referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2021, bem como da consolidação anual referente aos recursos da área em Prudente.

O documento assinado pelo presidente do CACS-Fundeb, Sérgio Eduardo Gomes da Silva, explica que o conselho reuniu-se entre 26 e 31 de janeiro de 2022 para realizar a conferência e dar vistas aos documentos referentes à prestação de contas, como pagamentos efetuados, notas fiscais de prestações de serviços, guias de recolhimento de impostos e previdenciários, empenhos sobre serviços, entre outros disponibilizados.

Em reunião realizada de modo virtual no dia 2 de fevereiro de 2022, os membros conselheiros retomaram as análises das prestações de contas e consolidaram parecer final referente aos recursos do Fundeb no ano de 2021. No documento, foi apontado pelos conselheiros do CACS-Fundeb o não cumprimento no ano exercício de 2021 do percentual mínimo de 70% destinado à folha de pagamento, conforme artigo 26 da lei 14.113 de 25 de dezembro de 2020, e a reprogramação acima do percentual máximo de 10% permitido na legislação, conforme parágrafo 3º do artigo 25 da mesma lei.

Ainda segundo o documento, os membros do conselho apresentaram dúvidas em relação à aplicabilidade da lei municipal 10.741/2021, que concedeu o abono do Fundeb aos servidores baseando-se na lei 14.276/2021, que não possui efeito retroativo. Na sequência, enfatizaram a ausência de informações e/ou dados sobre o pagamento do abono do Fundeb, e a necessidade de recursos humanos para auxiliar os trabalhos do CACS-Fundeb no tocante à organização documental, arquivos e elaboração de documentos referentes às reuniões e assessoria contábil.

No texto, os conselheiros ainda apontam que o gasto com manutenção de frota continua “considerado excessivo” e que o CACS-Fundeb não possui a relação da frota veicular atrelada à Seduc (Secretaria Municipal de Educação). Ainda segundo os membros, os aditivos da obra da Escola Municipal Conceição Barbosa não apresentaram justificativas plausíveis.

O parecer também aponta a necessidade de adequar imediata e retroativamente os salários dos profissionais do quadro do magistério, mantendo a isonomia entre carreiras e aplicando o percentual para toda carreira, em consonância com o estabelecido na lei 11.738/2008. “Em análise de dados constantes no Portal da Transparência, os membros conselheiros observaram que o município persiste no não cumprimento quanto ao valor mínimo da hora-aula na referência inicial da carreira do magistério [QM 1 – referência D 01], desrespeitando a lei do piso nacional”.

Por fim, o CACS-Fundeb apontou a ausência de respostas da administração quanto aos questionamentos enviados pelo conselho.

A Prefeitura de Presidente Prudente, por meio de nota, informou que o parecer do referido conselho foi encaminhado para o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, órgão responsável por fazer a análise do documento e, “se julgar conveniente, fazer os apontamentos necessários ao município”. 

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