Sintaema aborda possível privatização da Sabesp

“Somos totalmente contrários ao processo, porque estamos falando de um serviço essencial que tem relação direta com a saúde da população”, destaca José Antonio Faggian

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 29/03/2023
Horário 18:43
Foto: Reprodução/Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística
Possível privatização da Sabesp é discutida
Possível privatização da Sabesp é discutida

O biólogo e presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), José Antonio Faggian, 44 anos, que esteve de passagem por Presidente Prudente nesta quarta-feira, traz informações à população, por meio deste periódico, sobre a possível privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), da qual é agente de saneamento ambiental há 24 anos. “Somos totalmente contrários ao processo de privatização, porque estamos falando de um serviço essencial que tem relação direta com a saúde da população. Temos conversado com os prefeitos, vereadores para que se sensibilizem a respeito e criem um movimento dessas lideranças locais, e a população se posicionando de forma contrária também e chegue até o governo estadual”, pontua o presidente do sindicato. 
Ele destaca que água é vida, assim como o saneamento, e não podem ser tratados como “mercadoria”. Ele lembra que são, inclusive, reconhecidos como direito humano pela ONU (Organização das Nações Unidas) e, por conta disso, por se tratar da qualidade de vida, do bem-estar, da saúde da população, não podem ter como principal objetivo o lucro. E tem que ser prestado pelo poder público. 
“A companhia é uma empresa lucrativa, que atende 365 municípios com um serviço de qualidade. Grande parte das cidades, inclusive Prudente e outros 63 da região que são operados pela Sabesp, já têm o que chamamos de 300%, ou seja, 100% de água entregue, 100% de esgoto coletado e 100% de esgoto tratado. Não há nenhuma justificativa razoável ou racional para que a Sabesp seja privatizada”, defende o sindicalista. 

“Prejuízos" da privatização

Faggian menciona que a Sabesp trabalha uma política chamada subsídio cruzado para garantir que os municípios sejam atendidos. E com a iniciativa privada “é certeza que isso não será mantido”. Além disso, como acentua, a companhia tem a tarifa social e a tarifa vulnerável, que têm preços bastante reduzidos para que a população mais carente tenha água o mês todo. Conforme ele, a tarifa social custa hoje algo em torno de R$ 30. E a vulnerável, cerca de R$ 20, que atende as pessoas cadastradas no CadÚnico. “Obviamente que a iniciativa privada não manterá isso também. Esses são alguns dos prejuízos que a população deve ter com o processo de privatização”, menciona.
Joseé Antônio comenta que ainda não foram recebidos pelo governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), nem pelos secretários de Estado, para apresentarem esse posicionamento, mas já é de conhecimento de todos. Segundo ele, o que têm conseguido é através da Assembleia Legislativa criar uma frente parlamentar contra a privatização. “O mais importante é entender que a luta contra a privatização da Sabesp não é só dos seus trabalhadores, mais do isso, precisa ser uma luta de todo o povo paulista, porque a companhia é um patrimônio desse povo”, frisa. 

Governo a favor

Em texto publicado pela Folhapress, o governador Tarcísio afirmou que considera viável vender a Sabesp até o final de 2024. E o modelo, a seu ver, deve ser parecido com o da Eletrobras, mais pulverizado, em detrimento do usado pelo governo do Rio de Janeiro para privatizar a Cedae. Segundo o governador, os estudos para a privatização serão iniciados já, e o dinheiro arrecadado deve ser mantido no próprio setor para investimentos e ampliação da cobertura. "Saneamento básico é a bola da vez, os países, os fundos, têm muito interesse em investir no Brasil".
A reportagem solicitou posicionamento da Secretaria Estadual de Comunicação do Estado e da própria Sabesp local sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno. 

Foto: Sintaema

Faggian afirma que a Sabesp é “uma empresa lucrativa”: “Não há justificativa para que seja privatizada”

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