Ontem, dia 2 de abril, foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e, como de costume, diversas ações são realizadas a fim de promover informação à população sobre o TEA (transtorno do espectro autista) e diminuir as ações discriminatórias devido à falta de conhecimento. A causa do autismo ainda é um desafio para a humanidade, não se sabe ao certo sua origem ou disfunção, o que se sabe é que a luta é diária e constante. Neste dia “Azul”, não poderia deixar de ressaltar a incansável luta de algumas famílias para o bem maior, seus filhos.
Cristiane Aparecida Silva Pinho, mãe do Enrico Rodrigues de Pinho, de 13 anos, que é atendido pela Lumen et Fides, explica que o primeiro sinal do TEA em seu filho foi a ausência da fala. Segundo ela, com 1 ano e 4 meses o pequeno ainda não falava e não olhava quando chamado. “Ele chorava muito quando saíamos de casa. Quando tirávamos ele do ambiente de casa, não comia bem e só aceitava papinha. O Enrico não batia palmas, não apontava nada do que queria, ou seja, pegava na minha mão e levava onde queria. Ele também tinha fixação por celular ou TV – só queria assistir o mesmo desenho infantil [A turma do Cocoricó] e não respondia a estímulos de troca de brincadeiras”, se recorda.
Receber o diagnóstico de transtorno do espectro autista, segundo a mãe, foi como uma “bomba”. “A frase ‘autismo não tem cura’ foi como se nosso chão se abrisse. Lembro que saímos do consultório do médico sem rumo. Eu e meu marido nos perguntamos: e agora? Foi desesperador!”, diz.
Após conhecer o diagnóstico de Enrico, a família deu início ao processo de adaptação. Cristiane conta que à época começou a ler sobre a deficiência e buscar grupos de pais que estavam na mesma situação que ela. “Voltei a estudar, aceitei as condições dele e resolvi lutar para dar a ele oportunidade de superar suas limitações, que eram muitas. Foi aí que consegui forças para o que estava a vir enfrentar”, diz a mãe.
Cristiane também conta que, durante esses 13 anos, já passou por várias fases, mas a pior, segundo ela, foi na época em que Enrico tinha de 4 a 5 anos. Isso porque, neste período, ele estava em uma escola regular particular, onde a inclusão não acontecia. “Após isso, fomos mudando de escolas até sermos inseridos na rede municipal, onde tudo foi melhorando. Depois conseguimos entrar na Lúmen, que hoje é tudo para nós”.
O maior aprendizado, segundo ela, é “viver um dia de cada vez”. “Busque grupos de apoio. Nunca desistir de tentar, se não der certo, mude. Com tratamento tudo tende a melhorar. Nunca desista de lutar pelo que amamos!”, reforça a mãe a outras famílias que passam pela mesma situação.
Enzo Gabriel
Em algumas situações, os primeiros sinais que apontam a necessidade de passar por especialistas são os mesmos, como é o caso do pequeno Enzo Gabriel da Silva Oliveira, 5 anos, que é atendido pelo CER-II (Centro Especializado em Reabilitação de Presidente Prudente), anexado à Lumen et Fides. A mãe, Letícia Ariele da Silva, explica que, aos 2 anos, Enzo tinha atraso na fala e dificuldade de socialização, ou seja, não gosta de contato, de abraços ou demonstrações de afeto.
“No primeiro momento passei ele por uma médica pediatra, que encaminhou para um neurologista, que já constatou o transtorno do espectro autista”, se recorda. “No começo foi muito difícil compreender, porque não era uma situação da qual eu tinha conhecimento. Mas, no mesmo tempo em que foi assustador, eu tive forças para ir atrás do tratamento dele”, acrescenta.
A mãe conta que, após iniciar o atendimento no CER-II, Enzo alcançou um desenvolvimento muito rápido. “Na semana, depois de 5 anos, ele disse a primeira palavra: vovó. Não foi ‘mãe’, mas para mim não deixa de ser uma vitória. Foi muito emocionante escutar a voz dele”, diz emocionada.
O QUE É TEA?
O transtorno do espectro autista é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim, essas diferenças podem ser perceptíveis desde o nascimento ou podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento da pessoa.
Cedida
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