A tecnologia e a Inteligência Artificial, especificamente, estão onipresentes na vida de todos nós. Tais são as facilidades e também a dependência dos dispositivos eletrônicos e da internet, que se torna inimaginável realizar várias das atividades do dia prescindindo de ambos.
Nesse mundo cada vez mais tecnológico, as relações sociais se adaptaram e se transformaram, essencialmente em razão dos novos meios e facilidades de comunicação e dos algoritmos que identificam preferências, padrões e direcionam comportamentos. Porém, um aspecto que não deve ser relegado é o das relações humanas, que podem estar caminhando para condição de desumanização. Esse aspecto já se tornou um desafio a ser discutido e enfrentado na universidade, nas empresas e até no núcleo familiar.
Tem havido empenho dos desenvolvedores e especialistas para tornar a Inteligência Artificial cada vez mais humanizada, no sentido de aprender e reproduzir características e comportamentos humanos, usando linguagem natural, respondendo de maneira amigável, educada, sendo até compreensiva e empática, criando sensação de proximidade e de conexão emocional.
Por sua vez, o ser humano parece estar na direção contrária, isto é, se tornando cada vez mais tecnológico, digital e desumanizado. Observa-se que muitas pessoas passam mais tempo interagindo com os dispositivos e com a Inteligência Artificial do que conversando com seus semelhantes, olhando diretamente, despertando sorrisos e sentimentos. As relações têm se desenrolado principalmente nas redes sociais e têm se tornado cada vez mais superficiais.
Para a maioria das pessoas, e na maior parte do tempo, a interação nas redes sociais é incapaz de gerar uma conexão genuína e de real proximidade e afetividade. Mas os algoritmos muito bem treinados das redes sociais têm sido eficientes para criar vinculo e dependência cada vez maior e preencher o vazio emocional das pessoas. A tecnologia que trás incomensuráveis benefícios está também causando o afastamento e a indiferença entre as pessoas e até o isolamento social.
O desafio é encontrar meios de usar a tecnologia de maneira produtiva, na medida exata da necessidade para os estudos, trabalho, entretenimento e até para aproximar as pessoas, e não afastá-las. Não se pode desaprender que a verdadeira conexão e relacionamentos autênticos são aqueles que acontecem entre as pessoas, presencialmente, com suas complexidades, experiências, falhas, imperfeições, vulnerabilidades, afetividades e emoções.