Tem início reforma da pista de atletismo da FCT-Unesp; prazo é de 180 dias

No local das velhas raias, já retiradas e alocadas no espaço do antigo gramado, um grande maquinário prepara terreno para receber aguardado piso; valor do investimento é de mais de R$ 5,4 mi

Esportes - CAIO GERVAZONI

Data 02/07/2022
Horário 16:25
Foto: Vicente Perez/drone
Obras no local começaram na terça-feira; antigo piso já foi retirado
Obras no local começaram na terça-feira; antigo piso já foi retirado

A tão esperada reforma da pista de atletismo da FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista) pode ser comparada a uma prova da modalidade 4 por 100 com obstáculos e também a uma maratona, que já dura nove anos. Depois de um longo imbróglio, as obras no local começaram e, finalmente, a reforma parece ter no horizonte a linha de chegada, já que o prazo para a conclusão da nova pista é de 180 dias após a assinatura do termo de início das obras, realizada na última terça-feira. O valor do investimento é de R$ 5.423.757,63, sendo R$ 5.418.333,63 de responsabilidade do Governo Federal, ainda como consta no Diário Oficial da União. Nesse cenário, a Unesp fica com a contrapartida no valor de R$ 5.424.000,00.

O espaço que antes era ocupado por atletas e alunos do curso de Educação Física da Unesp, hoje, tem no local das antigas raias, já retiradas e alocadas no antigo gramado, um grande maquinário que prepara o terreno para receber o novo e aguardado piso. 

A atual diretora do campus da Unesp em Presidente Prudente, professora dra. Cristina Maria Perissinotto Baron, que está com o “bastão da prova” desde de março deste ano quando assumiu a diretoria da FCT, relata que o desafio de executar a reforma da pista em um ano eleitoral colocou um prazo apertado para a realização do processo de licitação. “A gente tinha um prazo de começar a obra nesta semana. E como todo processo de licitação, você tem recursos, as pessoas tem direto a pedir recursos nas várias etapas do processo licitatório”, explica a gestora da FCT. “Então, a gente teve questionamentos técnicos a respeito do edital, que foram respondidas ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. E depois, no processo licitatório, entre as empresas e em relação aos valores que cada empresa deu no processo”, argumenta Cristina. A construtora Recoma foi a vencedora do processo licitatório.

O inicio da prova em busca da reforma

O ano era 2013. A diretoria de Antonio Nivaldo Hespanhol e, depois, sob a gestão de Marcelo Messias, conseguiu um convênio junto ao extinto Ministério dos Esportes, de R$ 12.599.329,21, para reforma completa da pista e a construção de uma edificação voltado para avaliação, medições de desempenho e de acompanhamento técnico aos atletas.

Três anos depois, o Brasil receberia às Olimpíadas de 2016. A pista da Unesp Prudente iria ser um polo de treinamento para os atletas que iriam participar do evento, no entanto o bastão caiu. Para receber o recurso, a universidade precisaria dar em contrapartida um valor de R$ 1.263.091,93 e não conseguiu. “Olha, são dois momentos: esse que era a reforma da pista e um espaço de ensino, extensão e pesquisa acadêmica. Porém, por motivos, que na realidade eu desconheço, talvez, por problemas políticos, nós perdemos este recurso”, explica a atual diretora da FCT.

A retomada do bastão

O ano era 2020. A FCT-Unesp, sob a diretoria de Rogério Garcia e a importante figura do vice-diretor Aldo Job, conseguiu retomar o bastão e recolocar o campus na corrida em busca de recursos, junto ao Governo Federal, para a tão aguardada reforma da pista de atletismo. Desta vez, a diretoria teve um reforço olímpico para conseguir nos bastidores de Brasília o esperado recurso: o medalhista olímpico e atual secretário municipal de esportes André Domingos.

“Vamos que é prata! É prata! É prata! É prata para o Brasil!”, gritava Galvão Bueno ao final da prova dos 4x100m rasos nas Olimíadas de Sydney, na Austrália, quando Claudinei Quirino ultrapassava o cubano Freddy Mayola para garantir a medalha de prata - que anos depois viria a se tornar simbolicamente um ouro com o dopping do atleta dos Estados Unidos Tim Montgomery, que competiu sob o efeito de uma “poção mágica” -  ao Brasil, representado pelo quarteto que, além de Claudinei, era composto por Vicente Lenílson, Édson Ribeiro e André Domingos, este último, por sinal, que substituiu o antigo companheiro de pistas na gestão da Semepp (Secretária Municipal de Esportes de Presidente Prudente) na troca de bastões entre a administração Bugalho (PSDB) para gestão Ed Thomas (PSB) e atuou diretamente nos bastidores da Secretária de Esportes, em Brasília.

“O professor Aldo me convidou para ir até Brasília. Na verdade, ele havia chamado vários atletas e ninguém se prontificou. Ele me chamou e eu entendi que era uma questão nobre e de muito valor, até pelo fato de eu ter treinado no espaço da Unesp, praticamente, quase minha carreira toda”, conta André Domingos. “Aí, eu fui a Brasília com o Aldo e a diretoria da FCT pleitear o recurso para a pista. Chegando lá, o secretário de Esportes de Alto Rendimento, o Bruno Souza, um dos principais nomes do handebol no Brasil, ficou muito feliz com minha presença lá. Foi uma grata surpresa para mim encontrar o Bruno por lá, participamos de vários jogos olímpicos e ele virou um amigo. Ele me falou que a Unesp não estava ‘bem-vista’ pelo fato da secretaria por ter devolvido o recurso e tal, mas que com a minha presença eles iriam reverter esta situação”, relata o titular da Semepp. “De fato, apresentaram-me para o secretário especial de Esportes, Marcelo Magalhães, do qual hoje sou um irmãozão [sic] e, ao final, disponibilizaram o recurso para gente”, completa André Domingos.

“O bastão foi passado em ritmos diferentes. Digamos que a outra gestão [Rogério/Aldo] já estava parando e a gente já estava correndo. Então, teve um certo descompasso, mas o bastão não caiu e passou no limite da zona de passagem”, sintetiza a atual diretora do campus da Unesp em relação a troca de gestões da FCT.

Histórico da pista no atletismo

A pista de atletismo da Unesp de Presidente Prudente é um símbolo no atletismo nacional. São dez medalhas olímpicas e oito paraolímpicas conquistadas por atletas que por lá passaram. “Então, com este histórico, resolveram disponibilizar este recurso para a reforma”, argumenta André Domingos.

A professora e chefe do departamento de Educação Física da FCT-Unesp, Camila Buonani, relata que a pista, além do histórico de conquistas para a cidade, possui extrema importância para o curso de Educação Física. “Além da oportunidade de ter acesso ao esporte de alto desempenho, tem o ensino, a pesquisa aos alunos da universidade e, também, a formação de atletas para a cidade. Ali, mesmo com as condições degradantes que a pista estava, conseguíamos dar um retorno muito rápido a sociedade”, conta Camilia.

O futuro da pista e do espaço

A atual diretoria conta que irá em busca de novos recursos para continuar a ampliar a estrutura do local, como uma rede de iluminação e, de fato, a construção do prédio ao lado da pista para o ensino, a extensão e pesquisa acadêmica na ciência dos Esportes, além de convênios com a Semepp e escolas do município para a formação de novos atletas.  “Além disso, estamos vislumbrando ter um espaço ali para levantar um histórico das pessoas que passaram e fizeram parte desta história da FCT e do atletismo em Prudente. Temos um projeto de extensão e estamos pensando em como articular isso para manter viva esta história para que as pessoas quando venham na pista se inspirem nas pessoas que passaram por ali”, confidência a diretora da FCT, Cristina Maria Perissinotto Baron.

 

Fotos: Caio Gervazoni/O Imparcial


Diretora da FCT, Cristina Baron, e professora e chefe do departamento de Educação Física, Cristina Baron, conversaram com a reportagem de O Imparcial sobre o início da reforma da pista


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