Tempo de Natal...

OPINIÃO - Iracema Caobianco Silva

Data 24/12/2020
Horário 06:00

O tempo atual é de crise. A incerteza quanto ao futuro pesa sobre os ombros de todos com a ameaça de menor atividade econômica e desemprego. Mas o tempo é também de festa, uma festa cristã há muito associada a dar e receber presentes: o Natal.
Podemos repensar o Natal. Uma festa que passou a ser uma celebração do consumo, muitas vezes de excessos e desperdícios. Talvez seja esta hora propícia de considerar como seria um Natal, uma festa em família, entre amigos em que os desejos de consumo ficassem em segundo plano.
Uma boa hora para refletir como seria o encontro com as pessoas que amamos se não houvesse a intermediação dos objetos, das coisas, dos presentes materiais.
Refletir sobre o desafio de usar a imaginação e a criatividade para criar momentos felizes tendo como principais valores a simplicidade, os sentimentos e a descoberta do que é realmente importante na vida.
Jamais nos esqueceremos da Família Celestino, nossos vizinhos, em que, todo Natal nos enviavam presentes significativos. Sabonete com aroma para um filho, colônia suave para o outro, creme hidratante para o outro, um saboroso bolo para mim, um pão doce de frutas de aroma inesquecível para meu marido. Estes presentes singelos nos alegravam tanto quanto objetos valorosos. Aprendíamos da mesma maneira. Retribuíamos com nossos presentes feitos por nós, com um carinho envolvendo toda a família, de uma maneira toda especial.
Os presentes têm o papel de traduzir o afeto que sentimos pelos outros. Por isso mesmo, na hora de presentear, pensaremos em algo que realmente reflita o que sentimos pelo outro. 
A família que nos presenteava todos os Natais fez-nos lembrar por toda vida desta atitude singela de mostrar o significado da amizade. Da solidariedade. Do afeto. Do amor.
Talvez neste Natal, possamos pensar uma nova forma de iniciar novas atitudes relativas ao consumo. A forma que deverá ser a predominante em substituirmos, cada vez mais, o consumo material pelo consumo imaterial, intangível, simbólico.
Uma mudança necessária, dado que, já hoje, a humanidade consome 30% a mais do que o planeta é capaz de renovar.
Segundo Hélio Mattar, “O mundo só será sustentável no momento em que repensarmos o estilo de vida atual, com excesso de consumo, que usa recursos naturais finitos como se infinitos fossem.”.
É preciso iniciar um novo tempo, com novos Natais, em que iremos presentear as pessoas não com objetos, mas com experiências. Algo feito por nós. Um pão, um bolo, uma poesia, um texto, uma flor, uma palavra sincera de carinho, um cartão com mensagem simples, pensada especialmente para cada pessoa. Natais, em que o único consumo exagerado será de coisas que, como por milagre, quanto mais consumimos, mais se multiplicam: gentileza, amizade, carinho, beleza e amor...
Assim, o presente para o outro se transforma em presente para nós mesmos, pela alegria de nos expressarmos e de compartilharmos nosso carinho e querer bem.
O Natal seria realmente o nascimento do menino Jesus em cada coração, o nascimento de algo novo, de uma nova proposta de vida.
Este não é então, o verdadeiro significado do Tempo Natal? 


 

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